viomundo - publicado em 16 de agosto de 2012 às 14:38
por Miguel Urbano Rodrigues, Jornal Brasil de Fato
Os EUA surgem como pioneiros em duas formas de agressão que o
Pentágono define como evolução na arte da guerra: os drones, aviões sem
pilôto, e os ataques cibernéticos.
Robôs sofisticados, as aeronaves sem piloto estão a ser utilizadas
intensamente em bombardeamentos no Afeganistão e no Paquistão e em
operações similares no Iêmen e na Somália.
Num brilhante ensaio, o professor português Frederico Carvalho analisa a rápida expansão desses armamentos de tecnologia avançada.
Em 2003, o número de veículos aéreos sem piloto (Vasp) excedia já os
sete milhares. Segundo o Pentágono, esses engenhos vieram revolucionar a
arte militar.
Eles apagaram na guerra a fronteira entre o soldado e o civil. Agora,
algures numa pequena cidade dos EUA, um técnico, recebidas as
instruções sobre o alvo a atingir, carrega nos botões de uma mesa de
comando e depois vai jantar com a família de consciência tranquila. Nem sequer conhece o resultado da operação criminosa.
Mas o ataque pode ser também desfechado de uma base na Etiópia, em
Djibuti, nas Seychelles ou na Arábia Saudita. Eventualmente, de um
porta-aviões. Os drones disparam mísseis Halfi re ou Scorpion.
Afirmam os generais do Pentágono que os danos colaterais são mínimos.
Mentem Dennis Blair, o ex-diretor Nacional da Espionagem, qualifica os
Vasps de arma perigosamente sedutora, porque é barata, não faz
vítimas americanas e transmite uma imagem de dureza.
Oficialmente, os alvos visados são grupos de terroristas ou
personalidades cujos nomes constam de uma lista submetida à aprovação
prévia do presidente Obama.
O balanço dos ataques a aldeias das zonas tribais do Paquistão, planejados e controlados diretamente pela CIA, é pesado.
Nas aldeias bombardeadas por cada terrorista abatido são mortos dez camponeses.
De uma só vez, os mísseis de um drone mataram 26 soldados
paquistaneses. A indignação naqueles país foi tamanha que o governo de
Islamabad proibiu durante meses na fronteira o trânsito de caminhões de
abastecimento às tropas americanas e da Otan que ocupam o Afeganistão.
O presidente Obama não somente aprova a utilização massiva dos drones
como deu o seu aval a uma alteração dos regulamentos que autoriza o
recurso da força letal longe de zonas de guerra. Por outras palavras, o
assassinato em países estrangeiros de indivíduos considerados perigosos para a segurança dos EUA passou a ser legal.
Além dos drones, os EUA contam hoje com um arsenal de robôs de reconhecimento.
Revistas especializadas referem a existência de pequenos robôs
espiões com a aparência de insetos, que passam despercebidos. Está aliás
em estudo a utilização de insetos reais em que seria implantado um chip
eletrônico que permitiria comandar a distância o seu vôo.
Cibernética a serviço da guerra
OS EUA são também pioneiros na utilização da cibernética como
instrumento de espionagem e arma eficaz para a desativação ou destruição
de equipamentos e sistemas informatizados.
O subsecretário de Defesa dos EUA, William Lynn, reconheceu numa
declaração pública que para o Pentágono o ciberespaço é um novo teatro
de guerra, como o solo, o mar ou o ar.
Atos de agressão cibernética confirmam essas palavras. Em setembro de
2010 a mídia estadunidense noticiou que o parque de
ultracentrifugadoras de Natanz, no Irã, fora alvo de um ataque. Em
Washington sabia-se que ali se procedia ao enriquecimento de urânio
natural destinado a combustível nuclear para a produção de energia.
Aproximadamente mil centrifugadoras foram então inutilizadas pela
operação de pirataria cibernética que utilizou o vírus Stuxnet.
Posteriormente, soube-se que esse vírus, até então desconhecido,
resultara de um projeto americano-israelense.
Operações como a citada são planejadas e executadas sob a direção do
Ciber Comand, subunidade do Comando Estratégico das Forças Armadas.
É de lamentar que a mídia brasileira, com poucas exceções, preste
escassa atenção à importância crescente da guerra robótica e da
ciberguerra nas agressões imperiais dos EUA.
Essas inovações revolucionárias na estratégia militar do
imperialismo iluminam bem a ameaça para a humanidade de um sistema de
poder monstruoso que somente encontra precedente no III Reich nazi.
Miguel Urbano Rodrigues é jornalista e escritor português.
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