recebido por e-mail - 12 agosto 2012
Ai, ai…
O
Instituo Tecnológico da Aeronáutica, o famoso ITA, é uma das escolas
mais seletivas do país. Não por acaso. O Brasil avançou bastante nessa
área, e muito se deve, sim, ao ITA, que valoriza de modo obsessivo o
mérito. Trata-se de uma instituição federal. Como tal, deveria, então,
reservar 50% de suas vagas a alunos das escolas públicas — segundo a lei
que Dilma quer sancionar —, metade das quais para alunos que pertençam a
famílias cuja renda per capita é de até 1,5 salário mínimo. Tanto esses
25% de vagas quanto os outros têm de ser preenchidos segundo a cor da
pele do estado em que a escola se encontra. O ITA fica em São José dos
Campos, São Paulo. Segundo o Censo de 2010, o estado tem 41.262.199
habitantes. Do total, 63,9% se autodeclaram brancos, 29% se dizem pardos
e 5,5 se dizem negros.
Durante
a tramitação da lei, o Ministério da Defesa, ao qual o ITA (que é da
Aeronáutica) é administrativamente ligado, deu um jeitinho de negociar o
texto (íntegra aqui).
Estarão sujeitas às cotas apenas as instituições de ensino “vinculadas
ao Ministério da Educação”. Ocorre que o ITA, lamento, é vinculado, sim,
ao MEC — ou não é esse Ministério que dá fé aos diplomas lá expedidos?
É
agora? O ITA conta, sim, com alunos oriundos do ensino público: 30%
estudaram em escolas estaduais, e 7,3%, em federais. Mas passaram no
concorridíssimo vestibular da instituição — QUE TAMBÉM NÃO USA O ENEM
PARA ADMITIR ALUNOS, A EXEMPLO DO QUE FAZEM AS UNIVERSIDADES FEDERAIS.
Se
faltasse alguma coisa para evidenciar a má-fé, a pilantragem
intelectual e a demagogia da lei, já não falta mais nada. O próprio
governo Dilma Rousseff, que quer instituir esse aloprado regime de cotas
sociais e raciais nas universidades federais, na proporção
estratosférica de 50% das vagas — ignorando até mesmo a nota do Enem
(serão usadas as médias obtidas no segundo grau) —, está a dizer: “Ah,
gente, no curso que consideramos realmente sério e importante, o do ITA,
não vamos mexer; continuará com o seu vestibular de sempre. Afinal,
engenharia aeronáutica é coisa muito complicada!”
É
inacreditável! Essa estupidez passou pela Câmara. Essa estupidez passou
pelo Senado! Parlamentares hoje se borram de medo dos ditos “movimentos
sociais” e mesmo de setores engajados da imprensa. Elio Gaspari
deveria, agora, oferecer uma resposta no caso do ITA. E aí?
Porque
recebe alguns dos alunos mais preparados do país — e, infelizmente, há
mais candidatos do que vagas —, o ITA pode ministrar um curso de alta
performance. A coisa por lá é tensa no que respeita ao desempenho
intelectual. E assim é nos centros tecnológicos mais avançados do mundo.
Ao ITA, recebendo, por óbvio, alunos muitos menos preparados, restaria,
caso aderisse ao modelo, uma de duas alternativas:
a) rebaixar o seu padrão de exigência, o que significaria, por óbvio, queda da qualidade num tempo muito curto e migração das melhores cabeças, então, para cursos privados de alta performance — existem;
b) manter o seu padrão de exigência e excluir, na prática, logo no primeiro ano, os menos preparados. A escola manteria a excelência, mas formaria menos engenheiros aeronáuticos.
a) rebaixar o seu padrão de exigência, o que significaria, por óbvio, queda da qualidade num tempo muito curto e migração das melhores cabeças, então, para cursos privados de alta performance — existem;
b) manter o seu padrão de exigência e excluir, na prática, logo no primeiro ano, os menos preparados. A escola manteria a excelência, mas formaria menos engenheiros aeronáuticos.
Escolha,
Gaspari: formar o atual número de bons engenheiros, formar o mesmo
número de engenhos mais ou menos; formar menos engenheiros preparados.
Qual a melhor alternativa, visto o mundo à luz daquela sua teoria da
luta de classes, relida à luz dos Elevadores Atlas (andar de cima, andar
de baixo…)?
E
tudo para atender a esse aloprado critério de “justiça social e
racial”, que delegou às universidades públicas o papel de acabar com as
desigualdades. Ainda que Dilma venha a sancionar aquela porcaria, o ITA
deve ficar de fora, o que denuncia a desfaçatez da proposta.
Por
que há de valer para os demais cursos do país o que não vai valer para o
ITA? Só porque, administrativamente, ele está subordinado à Defesa? É
medo da farda? Dona Dilma Rousseff tem certeza de que 25% das vagas do
curso de Medicina da Escola Paulista de Medicina (Unifesp), um dos mais
concorridos do país, devem ser ocupadas por estudantes oriundos do
ensino público e de famílias com renda per capita de até 1,5 mínimo? Mas
atenção: nesse grupo, 29% têm de ser pardos, e 5,5% negros. Na hipótese
de haver mais gente do que vagas, aí se recorre à nota (não ao Enem,
reitero!) que eles tiveram no ensino médio. Quem pegou a escola mais
chulé, que exigia menos, sai na frente. É o milagre da seleção dos
menos aptos. Pergunta óbvia: um aluno com esse perfil, fazendo um curso
em tempo integral, vai se sustentar como? Tem de morar, comer, se
vestir, tomar um Chicabon de vez em quando…
“Ah,
Reinaldo quer perpetuar a desigualdade!”, diz o idiota. O idiota, por
alguma razão, se considera mais humanista do que eu! Não! Reinaldo acha —
e eu sei que demora! — que é preciso qualificar a escola pública para
dar aos mais pobres condições de competir. E acha, adicionalmente, que
mesmo as universidades públicas precisam cobrar mensalidade de quem pode
pagar, ora essa! Não! Eu não quero me conformar com o quadro atual é
pronto! E qual é ele? Na média, os ricos estão em cursos gratuitos de
alta performance, e os pobres estão pagando (ou o ProUni paga por eles)
para estudar em faculdades de terceira ou quarta linha — lá onde só se
usam culpe e giz — e olhem lá.
É
claro que é preciso pensar políticas públicas que mudem essa situação.
Para tanto, não é necessário destruir o ensino público federal com a
vigarice política, a má-fé intelectual e a demagogia arreganhada!
Ou
o ITA participa dessa patuscada — e aí quero ver o resultado —, ou a
pilantragem está consumada, senhora Dilma Rousseff, senhor ministro
Aloizio Mercadante!
Vocês
estão onde estão também para contrariar a militância organizada quando
suas reivindicações atentam contra os interesses do povo brasileiro. E é
o caso. Deixem de ser covardes!
É interessante essa discussão em relação ao ITA e a estratégia do Governo em excluir esse centro de excelência (que se insere em um tecnopólo) da regra geral das cotas.
Mas, o que foi demonstrado em relação a essas é que em grande maioria os alunos que tiveram seu ingresso através das cotas tem apresentado rendimento superior aos não cotistas.
Outra coisa, qual é a vantagem de se ter apenas não cotistas? Estou pagando meus impostos (que não é nada suave a mordida do leão, fora os indiretos) para que estudantes provenientes de escolas particulares abastadas façam cursos gratuitos nas Universidades Federais sem ter compromisso nenhum de retorno a esse investimento da sociedade. Para mim o exemplo mais claro são dois cursos desejados, o de medicina e o de direito. Se os formandos de tais cursos (oriundos das estatais) fossem obrigados a prestar por pelo menos um ano de serviço no setor público, seriam reduzidas as filas no sistema de saude, a justiça seria mais célere, entre outros beneficios oriundos desses e demais formandos. E não digo, que essa atividade não fosse remunerada (claro que em padrões abaixo do mercado), mas que a sociedade se beneficiasse do imenso investimento que faz, a final de contas, não é só a receita do imposto direto que entra nas verbas das instituições, mas também os indiretos. E nesse caso a população pobre está custeando o ensino, sem ter os benefícios desse.
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