O gasoduto sul-americano é para ser levado a sério, segundo Luís Nassif
"O novo gasoduto intercontinental é para ser levado a sério", afirma Luís Nassif, jornalista, no seu blog, 27-03-2007.
"Ontem participei do “Roda Viva” com José Sérgio Gabrielli, presidente da Petrobrás.
Um dos pontos relevantes tratados é o dos gasodutos, integrando os diversos países da América do Sul.Gabrielli admitiu que existe um grupo de estudos na Petrobrás incumbido de preparar até o final do ano, em parceria com técnicos da PDVESA (venezuelana) um estudo de viabilidade do gasoduto, que deverá integrar a produção venezuelana, boliviana, peruana e argentina.
Há riscos políticos? Historicamente prospecção de petróleo e gás embute riscos geopolíticos consideráveis. Mas não se deve esquecer que a Transiberiana (gasoduto unindo a Rússia à Europa) foi construída em plena Guerra Fria, e jamais deixou de funcionar nos momentos políticos mais tensos. Isso porque obras que permitem integração física entre países, e que amarram interesses dos fornecedores aos dos consumidores (e gasoduto amarra porque cria um cordão umbilical entre o fornecedor e o consumidor cativos), contribuem para a estabilidade da região.
Por isso mesmo, não dá para condenar o governo FHC por ter autorizado o gasoduto Brasil-Bolívia, mesmo sabendo-se da instabilidade crônica da Bolívia, e mesmo ainda não se tendo um mercado para o gás no Brasil. E não dá para condenar o novo gasoduto que está sendo pensado, apenas pelos arroubos de Hugo Chávez na Venezuela.
O desfecho da crise boliviana mostrou o potencial e os limites de instabilidade de uma crise dessas. Mostrou também que há regras de negociação que foram utilizadas na Bolívia pela Petrobrás. Aliás, a história de que a Petrobrás foi “complacente” com a Bolívia na crise do ano passado, não resiste a uma comparação óbvia: todos os demais países vítimas da desapropriação de Evo Morales agiram exatamente da mesma forma que a Petrobrás. Definidas as novas regras do jogo, voltarão de novo à Bolívia, mesmo correndo os mesmos riscos políticos. É algo intrínseco à atividade. O carnaval do ano passado, sobre a “honra nacional” manchada pela falta de reação teve como única motivação as eleições. Ainda bem que nem a Petrobrás arrefeceu na defesa dos seus interesses, nem o Itamarati curvou-se às pressões dos “bushianos” da mídia, agindo com cautela até que a biruta doida de Morales assentasse.
Por tudo isso, o novo gasoduto intercontinental é para ser levado a sério."
"Ontem participei do “Roda Viva” com José Sérgio Gabrielli, presidente da Petrobrás.
Um dos pontos relevantes tratados é o dos gasodutos, integrando os diversos países da América do Sul.Gabrielli admitiu que existe um grupo de estudos na Petrobrás incumbido de preparar até o final do ano, em parceria com técnicos da PDVESA (venezuelana) um estudo de viabilidade do gasoduto, que deverá integrar a produção venezuelana, boliviana, peruana e argentina.
Há riscos políticos? Historicamente prospecção de petróleo e gás embute riscos geopolíticos consideráveis. Mas não se deve esquecer que a Transiberiana (gasoduto unindo a Rússia à Europa) foi construída em plena Guerra Fria, e jamais deixou de funcionar nos momentos políticos mais tensos. Isso porque obras que permitem integração física entre países, e que amarram interesses dos fornecedores aos dos consumidores (e gasoduto amarra porque cria um cordão umbilical entre o fornecedor e o consumidor cativos), contribuem para a estabilidade da região.
Por isso mesmo, não dá para condenar o governo FHC por ter autorizado o gasoduto Brasil-Bolívia, mesmo sabendo-se da instabilidade crônica da Bolívia, e mesmo ainda não se tendo um mercado para o gás no Brasil. E não dá para condenar o novo gasoduto que está sendo pensado, apenas pelos arroubos de Hugo Chávez na Venezuela.
O desfecho da crise boliviana mostrou o potencial e os limites de instabilidade de uma crise dessas. Mostrou também que há regras de negociação que foram utilizadas na Bolívia pela Petrobrás. Aliás, a história de que a Petrobrás foi “complacente” com a Bolívia na crise do ano passado, não resiste a uma comparação óbvia: todos os demais países vítimas da desapropriação de Evo Morales agiram exatamente da mesma forma que a Petrobrás. Definidas as novas regras do jogo, voltarão de novo à Bolívia, mesmo correndo os mesmos riscos políticos. É algo intrínseco à atividade. O carnaval do ano passado, sobre a “honra nacional” manchada pela falta de reação teve como única motivação as eleições. Ainda bem que nem a Petrobrás arrefeceu na defesa dos seus interesses, nem o Itamarati curvou-se às pressões dos “bushianos” da mídia, agindo com cautela até que a biruta doida de Morales assentasse.
Por tudo isso, o novo gasoduto intercontinental é para ser levado a sério."
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