"O aumento das compras de terras por estrangeiros e os investimentos na área da mineração por parte de companhias estrangeiras podem ser explicadas pelo interesse crescente por recursos que estão sendo economizados no resto do mundo", afirma o economista argentino Miguel Teubal. Em decorrência, um dos setores mais afetados é a agricultura, especialmente com a monocultura da soja transgênica que expulsa das terras os pequenos agricultores e os indígenas.
Segue a íntegra da entrevista que o sociólogo concedeu ao Le Monde, 23-03-2007. A tradução é do Cepat.
Você é professor na Universidade de Buenos Aires e pesquisador do Conicet. Existe uma legislação que limita a venda de terras a estrangeiros?
Não há legislação comparável à existente na Europa, México ou Brasil. A única lei, inspirada pelo general Juan Perón, data de 1944, quando este era ministro. Ela proibia a venda a estrangeiros de terras que se encontravam a menos de 150 km das fronteiras e a menos de 150 km da costa, por razões de segurança nacional. Mas ela não está mais sendo respeitada e todos os projetos de regulamentação estão parados.
Como explica a compra de grandes extensões de terras por estrangeiros?
A Argentina sempre foi considerada como um país rico pos seus recursos naturais e suas grandes extensões de terras férteis. O aumento das compras de terras por estrangeiros e os investimentos na área da mineração por parte de companhias estrangeiras podem ser explicadas pelo interesse crescente por recursos que estão sendo economizados no resto do mundo. O valor da terra é depreciado na argentina e seus recursos minerais são até agora pouco explorados. A política neoliberal dos anos 1990 favoreceu os investimentos estrangeiros em todos os setores.
A ausência de um marco jurídico e os decretos de desregulamentação explicam que muitos desses investimentos sejam muito rentáveis e que não exista praticamente nenhum controle quanto às conseqüências ecológicas, sociais e econômicas.
Quais são os principais perigos?
O efeito mais pernicioso é sem dúvida este que afeta a agricultura em decorrência do boom dos preços da soja. Por pressão das sementeiras, é quase exclusivamente a soja transgênica que é semeada. A tecnologia e os grãos são vendidos pelas transnacionais, principalmente a Monsanto. Esta corrida pelo ouro verde requer importantes capitais e grandes extensões de terras. Ela já ultrapassa o Pampa e invade outras províncias do centro e do norte do país. Os pequenos agricultores e as comunidades indígenas estão sendo violentamente expulsas de suas terras.
Pouco a pouco a agricultura se faz sem agricultores por causa do desaparecimento dos médios e pequenos produtores. A rentabilidade da soja transgênica (mais de 90% é destinada à exportação) provoca o abandono da cultura de alimentos como o milho ou o trigo que formam a base do consumo popular, mas também a carne e os produtos derivados do leite. Esta monocultura erode os solos. A utilização de produtos químicos e o desmatamento têm graves conseqüências sobre o meio ambiente.
Segue a íntegra da entrevista que o sociólogo concedeu ao Le Monde, 23-03-2007. A tradução é do Cepat.
Você é professor na Universidade de Buenos Aires e pesquisador do Conicet. Existe uma legislação que limita a venda de terras a estrangeiros?
Não há legislação comparável à existente na Europa, México ou Brasil. A única lei, inspirada pelo general Juan Perón, data de 1944, quando este era ministro. Ela proibia a venda a estrangeiros de terras que se encontravam a menos de 150 km das fronteiras e a menos de 150 km da costa, por razões de segurança nacional. Mas ela não está mais sendo respeitada e todos os projetos de regulamentação estão parados.
Como explica a compra de grandes extensões de terras por estrangeiros?
A Argentina sempre foi considerada como um país rico pos seus recursos naturais e suas grandes extensões de terras férteis. O aumento das compras de terras por estrangeiros e os investimentos na área da mineração por parte de companhias estrangeiras podem ser explicadas pelo interesse crescente por recursos que estão sendo economizados no resto do mundo. O valor da terra é depreciado na argentina e seus recursos minerais são até agora pouco explorados. A política neoliberal dos anos 1990 favoreceu os investimentos estrangeiros em todos os setores.
A ausência de um marco jurídico e os decretos de desregulamentação explicam que muitos desses investimentos sejam muito rentáveis e que não exista praticamente nenhum controle quanto às conseqüências ecológicas, sociais e econômicas.
Quais são os principais perigos?
O efeito mais pernicioso é sem dúvida este que afeta a agricultura em decorrência do boom dos preços da soja. Por pressão das sementeiras, é quase exclusivamente a soja transgênica que é semeada. A tecnologia e os grãos são vendidos pelas transnacionais, principalmente a Monsanto. Esta corrida pelo ouro verde requer importantes capitais e grandes extensões de terras. Ela já ultrapassa o Pampa e invade outras províncias do centro e do norte do país. Os pequenos agricultores e as comunidades indígenas estão sendo violentamente expulsas de suas terras.
Pouco a pouco a agricultura se faz sem agricultores por causa do desaparecimento dos médios e pequenos produtores. A rentabilidade da soja transgênica (mais de 90% é destinada à exportação) provoca o abandono da cultura de alimentos como o milho ou o trigo que formam a base do consumo popular, mas também a carne e os produtos derivados do leite. Esta monocultura erode os solos. A utilização de produtos químicos e o desmatamento têm graves conseqüências sobre o meio ambiente.
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