O faturamento no Brasil das 201 maiores empresas norte-americanas com negócios no país tem crescido em um ritmo três vezes superior ao dos resultados obtidos por essas mesmas companhias ao redor do mundo. A reportagem é de Fernando Canzian e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 10-12-2007.
No Brasil, as vendas crescem a uma taxa de 18,8% ao ano. Na média mundial, de 4,8%. Por conta dessa aceleração, em um único ano a participação brasileira nas vendas globais das principais companhias americanas cresceu 40%. Passou de 1,8% do total para 2,5%.
O novo ritmo vem consolidando recordes sucessivos de vendas e alterando planos de investimentos de gigantes como Coca-Cola e General Motors no Brasil.
"Nós teremos um ano com recorde histórico", afirma José Carlos Pinheiro Neto, vice-presidente da General Motors do Brasil.
Em 2006/2007 (dependendo do ano fiscal de cada empresa), houve ainda um aumento de 11,5% na mão-de-obra empregada diretamente pelas multinacionais norte-americanas com negócios no país.
Da lista das 500 maiores companhias norte-americanas da revista "Fortune", 201 operam no Brasil. Elas tiveram seus dados pesquisados pelo Brazil-US Business Council, de Washington, que reúne empresários norte-americanos e brasileiros com operações nos dois países.
Os resultados deste ano mostram uma mudança de patamar da participação do Brasil em relação a levantamentos anteriores, iniciados em 2005.
"Há uma contínua melhora das condições no país, e as empresas aproveitam isso para aumentar sua presença no Brasil", afirma Mark Smith, vice-presidente-executivo do Brazil-US Business Council.
Smith diz, porém, que, tendo em vista o tamanho do mercado brasileiro, a participação do país nos negócios mundiais dessas empresas, de apenas 2,5%, ainda é "muito modesta".
"A carga tributária elevada no Brasil e uma série de problemas envolvendo a pirataria de produtos continuam sendo os principais entraves para os negócios", afirma.
Infra-estrutura
Relatório interno de uma reunião anual de CEOs dessas companhias obtido pela Folha também aponta para áreas sob a responsabilidade de autoridades brasileiras -como portos, alfândegas e infra-estrutura- como obstáculos para o aumento das operações e do comércio bilateral entre o Brasil e os Estados Unidos.
Mesmo assim, grandes multinacionais têm apostado no crescimento e na consolidação do mercado brasileiro.
Investimento em dobro
A partir de 2003, por exemplo, a Coca-Cola, que tem no Brasil seu terceiro maior mercado (apenas atrás de EUA e México), dobrou de R$ 500 milhões para R$ 1 bilhão anuais o nível de investimentos.
Com aquisições recentes de marcas como Leão e Sucos Mais, a empresa tem hoje no mercado nacional mais de 170 tipos de refrigerantes, sucos e sabores. As vendas do Sistema Coca-Cola no Brasil cresceram acima de 7% nos últimos 14 trimestres, sendo que só entre julho e setembro de 2007 essa evolução atingiu 16%.
"A tendência é continuarmos crescendo forte", afirma Marco Simões, diretor de Comunicação da Coca-Cola Brasil. Nos últimos dois anos, o total de funcionários da empresa subiu de 28 mil para 34 mil (+21,5%).
Outras empresas de setores ligados a áreas de insumos básicos também experimentam forte crescimento no país. No seu mais recente balanço divulgado nos Estados Unidos, a gigante da área de alumínio Alcoa, por exemplo, afirma que o aumento nas vendas de 7,8% na América Latina "foi impulsionado pela forte demanda [do mercado] no Brasil".
Nenhum comentário:
Postar um comentário