Banco Central dos EUA, o parceiro silencioso nos banhos de sangue
A economia de um país é um espelho de água que nos reflecte. A face que nos olha da água é a da cultura e das características prevalecentes. Não é diferente com a América. Os comissários do sistema económico estado-unidense — Paulson e Bernanke — estão inextricavelmente ligados a um establishment político/militar totalmente impregnado na cultura da violência e da corrupção. O "Plano Marshall" de Paulson destinado aos proprietários de habitações subprime é apenas a mão enluvada do déspota. A outra mão ainda está ocupada a arrancar olhos em Guantanamo, ou a moer de pancada cidadãos estrangeiros nos sítios negros da CIA, ou a despejar bombas incendiárias sobre escolas de crianças em Faluja. Isto é tudo igual. A cultura de guerra e demagogia tem suas raízes no sistema económico. Os seus líderes financeiros são tão culpáveis quanto qualquer GI de baixa patente em Abu Ghraib.
O plano Paulson nada tem a ver com salvar pessoas da classe trabalhadora das devastações dos arrestos. Ah, não. A administração Bush opõe-se ideologicamente a ajudar pessoas em estado de necessidade. Já sabemos isto. Basta olhar para o Katrina. A finalidade real da proposta "salvação de emergência" ("bailout") é permitir que bastantes pessoas continuem a fazer pagamentos mínimos das suas hipotecas de modo a que o sistema bancários não se estilhace em um milhão de pedaços. É isso. Não preciso chamar um génio para ver que o desespero tomou conta do Federal Reserve. A última vez que o governo orquestrou uma salvação de emergência desta grandeza foi na década de 1930. E o que mais? George Bush não é Franklin Dellano Roosevelt.
A verdade é que o sistema está em erupção e o botão de pânico do Fed está a "piscar vermelho". É óbvio. Eles estão a fazer tudo o que podem para manter o comboio sobre os carris, mas não estão a conseguir. Estão a cortar taxas, a aceitar colaterais dúbios (como papel comercial e tremulantes títulos apoiados por hipotecas) como reposição, e estenderam o período das reposições indefinidamente, o que equivale a "monetizar" a dívida. Paulson tentou estabelecer um Super SIV [1] para ajudar os grandes bancos de investimento a descarregarem o seu lixo apoiado por hipotecas sobre o público desconfiado, mas isto tão pouco está a funcionar. Nada está a funcionar. Enquanto isso, os ventos contrários continuam a ficar mais fortes, as ondas continuam a esmagar-se sobre a proa, e o navio do Estado continua a declinar perigosamente de lado. Ele está numa confusão.
Os bancos são o canal para o papel-moeda inescrupuloso emitido pelo Federal Reserve. É um negócio torto dirigido pelas mesmas pessoas que enviam nossos filhos para a guerra enquanto premeiam-se a si próprios com cortes fiscais. Agora o sistema está em horrendas dificuldades. Deveríamos sentir-nos mal por isso?
Bancos centrais estrangeiros e investidores estão a livrar-se dos seus dólares e dos seus activos denominados em dólar, os Estados do Golfo ameaçam desligar o petróleo do dólar, e investidores por toda a parte sabem que foram roubados por uma burla ordinária de lavagem de hipotecas que obteve o "sinal verde" dos reguladores dos Estados Unidos. O cenário em torno de nós é mau. E agora as galinhas voltam a casa para se empoleirarem.
CÓ-CÓRÓ-CÓ
O colapso no mercado imobiliário continua a enviar tremores a toda Wall Street. Milhões de milhões de dólares em títulos complexos (CDOs e MBSs) estão a ser degradados quando aumentam os arrestos e os inventários de casas sobem. Bancos, companhias de seguros, fundos de pensão, títulos de companhias de seguros, hedge funds, todos eles estão entre a vida e a morte. Muitos já insolventes e muitos mais os seguirão. É apenas uma questão de tempo. Os fundamentos dos mercados financeiros estão a esfarelar-se. O esquema de transformar os passivos dos candidatos a empréstimos com mau crédito numa fonte confiável de lucros gordos fracassou. A alquimia não funciona. Nunca funcionou.
A crise subprime e o (subsequente) esmagamento do crédito teve origem no Federal Reserve. O Fed disparou um frenesim especulativo ao baixar taxas de juros abaixo da taxa de inflação durante mais de 31 meses entre 2002 e 2004. Milhões de milhões de dólares alimentaram então o sistema bancário criando a maior bolha equity da história. Agora que a bolha imobiliária está a estraçalhar-se na terra – e milhões de milhões de dólares em títulos tremelicantes estão destinados ao aterro sanitário – o Fede está a tentar distanciar-se de qualquer responsabilidade. Mas nós sabemos a verdade. O plano foi concebido e executado pelo Fed e é nele que reside a culpa. Todos os outros são apenas "pequenos actores".
O que importa é que o sistema está a entrar em colapso. Está a ser vagarosamente esmagado pelo peso acumulado da sua própria corrupção. Quando o sistema cair, a bandeira será arriada na Baía de Guantanamo, a actual oligarquia de extorsionários (racketeers) será removida do gabinete, e as tropas no Iraque voltarão para casa. Por vezes resultados positivos decorrem da tragédia.
Poderia haver anarquia ou tirania ou lei marcial ou campos de detenção. Quem é que sabe, realmente? É compreensível que o público esteja preocupado quanto "ao que poderia acontecer" no futuro próximo. Mas, considere-se isto: podemos nós continuar a derramar o sangue de pessoas inocentes por todo o planeta enquanto afirmamos possuir o mundo e todos os seus recursos? Podemos nós ignorar desafios que ameaçam as espécies, como o aquecimento global [2] , o pico petrolífero e a proliferação nuclear?
Não.
Bem, nesse caso, haverá qualquer probabilidade de que os media, o congresso, os tribunais, ou o presidente cheguem a cair em si, a traçar uma rota diferente, a restaurar liberdades civis, a parar o abuso de direitos humanos e a retirar as tropas?
Não
Então, caro leitor, diga-me que esperança há de mudança senão através de um colapso económico de todo o sistema?
Sistemas políticos não têm de ser perfeitos para serem aceitáveis. Não sou ingénuo. Mas – para muitos de nós – há critérios morais básicos que têm de ser cumpridos para merecer o nosso apoio. A administração Bush elevou a matança, a tortura e o sequestro a um nível de política de Estado. Isto é inaceitável por qualquer padrão e, com isso, todas as alavancas do poder são controladas por pessoas que apoiam a doutrina actual.
NÃO É ASSIM?
Os Estados Unidos não são um foco de esperança ou uma luz no mundo. São, sim, uma ameaça, e cada vez maior, para a sobrevivência na Terra. A política da América e a beligerância militar constituem apenas uma extensão de um sistema económico dominador que serve unicamente aos interesses dos ricos e poderosos. O Banco Central desempenha um papel crítico neste paradigma. O país não vai à guerra sem a bênção das suas principais instituições financeiras. Os sujeitos do "big money" são os parceiros silenciosos nas pilhagens e nos banhos de sangue.
Os homens que possuem e fiscalizam o sistema financeiro dos EUA criaram o cancro que actualmente está a devorá-lo por dentro. Agora o tumor entrou em metástases e espalhou-se através de todo o organismo. A situação é irreversível. A economia está nos seus últimos passos e destinada a uma queda. Os líderes políticos estado-unidenses terão de aceitar um mundo no qual a América será apenas um entre muitos Estados de igual poder e significância. O financiamento militar reduzir-se-á a umas gotas. A matança acabará. Finalmente.
[NT2] Pelo menos este podemos seguramente ignorar, pois é um desafio fictício. O autor deixou-se influenciar pela enxurrada desinformativa acerca do suposto "aquecimento global". Para uma informação rigorosa ler, por exemplo, Rui G. Moura: A fabricação do pânico climático e A paranóia do dióxido de carbono .
O original encontra-se em http://www.informationclearinghouse.info/article18850.htm . Tradução de JF.
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