Embalada pelo aquecimento da demanda interna, diversificação de mercados exportadores e mudanças nas estratégias de negociação com compradores internacionais, a produção de calçados começou a reagir de forma mais intensa em outubro. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o setor, que acumulava queda de 4,6% na produção de janeiro a setembro, inverteu o desempenho para um aumento de 9,2% em outubro na comparação com igual mês de 2006. A reportagem é de Jacqueline Farid e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 15-12-2007.
O segmento de calçados é um dos mais afetados pela valorização do real, tanto pela redução de competitividade nas exportações quanto pela concorrência dos importados. O coordenador de indústria do IBGE, Silvio Sales, cita o aumento da demanda doméstica como principal justificativa para a expansão.
O diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Heitor Klein, concorda com Sales e acredita que o aquecimento do mercado interno, para o setor, será ainda mais forte em 2008. Segundo ele, a alta da demanda deve-se às encomendas do varejo para o fim do ano e ao aumento da renda.
Klein diz que alguns empresários do setor acreditam também que os consumidores estão voltando a comprar calçados, depois de direcionar os recursos para outros produtos que se tornaram prioritários, como telefones celulares.
Além do aumento da demanda interna, Klein atribui o crescimento em outubro a um redirecionamento das exportações do setor. Segundo ele, ainda que o câmbio prossiga como um problema para os empresários nas vendas externas, há um crescimento “bastante interessante” na venda de produtos com maior valor agregado.
MUDANÇA DE ROTA
Os Estados Unidos, que eram destino de 85% das exportações brasileiras de calçados “há alguns anos”, hoje respondem por menos de 50%, já que parte das vendas foi redirecionada para países da América do Sul e Europa Central.
Segundo ele, os calçadistas eliminaram a subcontratação - vendas realizadas através de intermediários - e estão negociando diretamente com varejistas desses novos mercados, que buscam qualidade e design prioritariamente ao preço. “Esse movimento para mercados não tradicionais é definitivo”, disse.
Para 2008, Klein está otimista. Para ele, “há sinais bem claros de que a indústria já encontra o caminho, as alternativas para buscar um reposicionamento”. Ele acredita que o mercado interno estará “mais comprador” e as possíveis dúvidas sobre uma melhoria mais forte de desempenho estão voltadas para as importações.
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