O megaplano de reforma do sistema financeiro anunciado ontem pelo governo americano, a maior mudança no modelo de regulamentação do setor desde a crise de 1929, ainda vai demorar um tempo até ser devidamente analisado pelo mercado. As primeiras reações foram favoráveis, tanto que a Bolsa de Nova York fechou ontem em alta. O comentário é de Guilherme Barros e publicado pelo jornal Folha de S. Paulo, 01-04-2008.
A nova regulamentação do sistema financeiro americano não será capaz de evitar a atual crise, mas pode prevenir o setor contra eventuais turbulências no futuro. Uma das grandes mudanças no pacote anunciado ontem foi a de dar mais poder ao Fed de vistoriar o sistema financeiro como um todo.
Até então, o Fed não fiscalizava os bancos de investimento. Há algumas semanas, o Fed foi obrigado a fazer uma complexa ginástica financeira para injetar recursos no banco de investimentos Bear Stearns. O Fed teve que fazer uma triangulação com o JPMorgan.
O ex-presidente do Banco Central Gustavo Loyola, sócio da consultoria Tendências, afirma que a principal característica desse megaplano de reforma do sistema financeiro é dar maior racionalidade aos processos de regulação, já que esse novo projeto concentra a fiscalização em poucas agências. Havia muitas agências de regulação nos EUA, o que complicava o trabalho de supervisão dos bancos.
O mais curioso, segundo Loyola, é que o Brasil já adota um sistema semelhante ao que foi anunciado pelo governo americano há bastante tempo, desde que, depois do lançamento do Plano Real, em 1994, muitos bancos no Brasil quebraram e foram feitas diversas mudanças no setor para aperfeiçoar o trabalho de supervisão bancária.
Depois, em 1997, com a crise financeira na Ásia, os países emergentes em geral também aprimoraram os mecanismos de controle do sistema financeiro. Os Estados Unidos demoraram a mudar o marco regulatório financeiro.
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