As despesas com juros sobre a dívida pública deram um pulo em fevereiro, alcançando R$ 15,444 bilhões, valor 40,2% maior que em igual mês do ano passado. O valor é recorde para o mês. A alta foi influenciada principalmente pelas perdas do Banco Central (BC) em suas operações com dólar. A notícia é do jornal O Estado de S. Paulo, 01-04-2008.
A despesa recorde de juros em fevereiro foi parcialmente compensada com um superávit primário elevado, de R$ 8,97 bilhões, o maior para meses de fevereiro. O resultado primário é dado pela diferença entre receitas e despesas, sem considerar os juros, e serve para evitar um crescimento desordenado da dívida pública. No primeiro bimestre, o superávit primário foi de R$ 27,629 bilhões, o equivalente a 6,22% do PIB, também recorde para o período.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, disse que o superávit primário elevado reflete principalmente as receitas em alta, mas está relacionado com o ritmo mais fraco de crescimento das despesas, por causa da demora para aprovação no Orçamento, que só ocorreu em março.
Na conta de juros, Altamir explica que em fevereiro o BC teve prejuízo de R$ 2,6 bilhões com operações em dólar, chamadas de swap cambial reverso. Nelas, o BC faz contratos em que fica devedor em juros e credor em dólar, o que o faz ter prejuízos quando o real se valoriza. Em fevereiro, o dólar caiu 4,38% ante o real.
O especialista em finanças públicas da Unicamp, Francisco Lopreato, avalia que o resultado primário das contas públicas reflete o nível de atividade econômica. “O destaque é como o crescimento faz bem para as contas públicas, apesar de o câmbio afetar os juros. O crescimento substituiu a queda da CPMF. É por isso que ele não pode ser abortado por meio de uma alta nos juros.”
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