"Volta a cíclica discussão corta gasto/não corta gasto; aumenta os juros/mantém os juros.
Nunca volta, até porque nunca apareceu, a discussão sobre a sacralidade dos juros pagos pelo governo aos detentores dos títulos da dívida pública. No fundo, no fundo, toda a discussão corte de gastos x aumento dos juros gira em torno da melhor maneira de adaptar os gastos do governo ao pagamento aos credores", escreve Clóvis Rossi, jornalista, em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, 04-04-2008.
"Ou, posto de outra forma - continua o jornalista - pode-se sacrificar tudo, desde investimentos arquinecessários até correções nas gritantes carências dos serviços públicos do país, menos a turma que ocupa a cobertura do andar de cima, se Elio Gaspari me permite um superlativo para a sua conhecida formulação".
E continua:
"Sei que muita gente gosta de dizer que, entre os detentores de títulos públicos, estão velhinhos e velhinhas aposentadas de Timbuctu ou adjacências. Mas sejamos francos uma vez na vida: os credores da dívida são uma fração pequeníssima da população brasileira, uma fração privilegiada, uma fração que é parte da tal elite, contra a qual o lulo-petismo adora discursar, mas adora também irrigar com portentosos pagamentos".
O jornalista afirma que não se trata de calote. "Trata-se apenas de distribuir sacrifícios, o que é básico em qualquer política pública. Se é preciso fazer alguma coisa para evitar problemas com a inflação, o superaquecimento da economia, o que seja, o lógico é que quem ganhou mais (muitíssimo mais) nos últimos muitíssimos anos pague um pouco que seja. Já nem digo pague mais".
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