O vice-presidente José Alencar vai discutir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a aceleração do programa nuclear da Marinha, desenvolvido no Centro Experimental Aramar, em Iperó (SP). O objetivo imediato é antecipar o funcionamento de um reator nuclear de testes, previsto para ficar pronto em 2014. Com isso, será possível chegar mais rapidamente à construção do submarino nuclear brasileiro, objetivo final do programa e ainda sem prazo definido. A reportagem é do jornal O Estado de S. Paulo, 22-07-2008.
“Precisamos do submarino nuclear para defender a costa brasileira”, disse Alencar, que visitou ontem o projeto, ao lado do comandante da Marinha, almirante Júlio Soares de Souza Neto. “Temos um mar muito grande e precisamos ter força para desencorajar qualquer ameaça.” Em Iperó, a Marinha já completou o desenvolvimento do ciclo do combustível nuclear, com o enriquecimento de urânio, e trabalha na fase de desenvolvimento da produção de energia nuclear.
Com os recursos liberados no ano passado, a Força contratou e iniciou construção das instalações do Laboratório de Geração de Energia, onde será montado o reator. Praticamente todos os componentes foram construídos e guardados no centro, esperando a montagem. No mesmo local será instalada a plataforma com as turbinas de geração, cuja tecnologia é semelhante às turbinas de propulsão nuclear que equiparão o submarino.
Alencar conheceu detalhes das obras. “Não podemos retardar mais e é preciso abreviar um pouco o cronograma.” Ele disse que Lula sabe da importância do programa, não só para tornar possível a construção do submarino mas também como alternativa energética. O Brasil, disse Alencar, tem compromisso de usar a energia com fins pacíficos, “para fortalecer soberania e integração nacional”.
O projeto recebeu este ano cerca de R$ 80 milhões, empregados ainda na construção da usina de conversão do urânio natural beneficiado (o yellow cake) no hexafluoreto de urânio, um gás que depois se transforma no urânio enriquecido. Hoje, esse processo ocorre no exterior (Canadá e França). A usina, que deve operar em 2010, produzirá 40 toneladas de hexafluoreto por ano, o suficiente para atender às necessidades do centro.
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