A Polícia Federal apontou um elo entre o banqueiro Daniel Dantas e o empresário Eike Batista, alvos de duas das maiores investigações federais do ano. No inquérito da Operação Satiagraha, os agentes revelam que a empresa que deu origem à MMX Mineração e Metálicos, de Eike, foi comprada do Opportunity, de Dantas, em 2005. A reportagem é de Hudson Corrêa e Alan Gripp e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 24-07-2008.
Naquele ano, Eike pagou ao banco R$ 461 mil pela Tressem Participações. No papel, a empresa funcionava no 28º andar do prédio do Opportunity, no Rio. A PF, na apuração da Satiagraha, diz que a sede abrigava "empresas prateleiras", criadas para movimentar recursos do Opportunity. Ou seja, a Tressem, pelas acusações da PF, seria uma "empresa de papel".
Comprada por Eike em 6 de dezembro de 2006, a Tressem mudou o nome para MMX dias depois. No mesmo período, seu capital social cresceu de R$ 60 mil para R$ 16 milhões.
Na Satiagraha, a PF não diz que a Tressem foi usada por Eike em esquema de crimes financeiros. Porém, sem citar provas, afirma que Eike usa os mesmos métodos de Dantas.
"As pessoas responsáveis pelo Opportunity (...) e outros grandes investidores como Naji Nahas e Eike Batista etc. teriam criado mecanismo complexo de operações, composto de fases de dissimulação e reintegração de bens, valores provenientes possivelmente de crimes contra o sistema financeiro nacional", afirma a PF no inquérito da Satiagraha.
A MMX Mineração foi alvo da Operação Toque de Midas, que apontou indícios de que a empresa tenha sido beneficiada na licitação de uma ferrovia do complexo da serra do Navio (AP). Segundo a PF, a concessão supostamente fraudulenta da estrada, em 2006, seria essencial nos planos de Eike de vender o complexo para a Anglo American, acordo fechado neste ano por US$ 5,5 bilhões.
A MMX nega as irregularidades. Disse que "a área do porto de Santana foi regularmente adquirida" da Amcel, por cerca de R$ 26 milhões, "com autorização expressa da União".
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