"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

terça-feira, janeiro 19, 2010

Comunidade Boa Vista - Barcelos

Por Hiram Reis e Silva, Barcelos, Amazonas, 07 de janeiro de 2010.

“... eu gosto de me distrair olhando o céu,

as nuvens se movendo para o outro lado

e o sonhos vagando por aí.

Brincar de imaginar formatos para nuvens

é o mesmo que poetar sonhos,

a nuvem que parece um barco

navegando pelas águas deste oceano”.

(Velejando as nuvens - Bruno Marques da Silva)

Saímos ao raiar do dia. Ao longe, um coral de soturnos guaribas quebrava a monotonia diária que caracteriza o alvorecer do Negro. Os delicados e cândidos cirrus, a oito mil metros de altura, contrastavam com o azul celeste amazônico e prenunciavam bom tempo. Imprimi um ritmo forte, de 10 km/h, para chegar ao meu destino antes das quinze horas. Orientei a equipe de apoio quanto ao percurso.

- Partida para Barcelos (04 de janeiro)

Os temidos banzeiros nos deixaram em paz na primeira etapa da jornada. Na primeira parada programada, a equipe de apoio me aguardava junto com ribeirinhos da comunidade de Baturité que haviam ancorado seus ‘motores’ com receio de enfrentar os fortes banzeiros do dia anterior. Partimos juntos e, depois de alguns quilômetros, eles enveredaram por um furo que ia até Barcelos. O furo estreito, para quem conhecia seus atalhos, era garantia de escapar dos banzeiros. A equipe de apoio me aguardava junto à foz do furo e informei a eles que não tinha fotografia aérea da região que pudesse me guiar e não pretendia partir num vôo cego.

Continuamos pela rota do CECMA. Pequenos banzeiros não dificultaram a navegação e não tive necessidade de colocar a saia no caiaque. Pouco antes da segunda parada tive de desembarcar no meio do rio e rebocar o caiaque por uns 600 metros com água pela canela. Antes de avistar minha equipe, fui saudado por um bando ruidoso de guaribas que evoluíam pela margem direita. O Teixeira me alcançou umas bananas que comi, mergulhado até o pescoço para neutralizar a canícula.

Partimos e, novamente, um enorme banco de areia me fez desembarcar e rebocar o caiaque. Aportei às 14h20min em Barcelos e o Teixeira me aguardava com seu sorriso largo e na mão uma latinha de refrigerante gelada. A Polícia Militar nos conduziu direto para a residência do tenente Walter de Souza e Silva, na vila militar do 3º Batalhão de Infantaria de Selva onde ficaríamos hospedados.

O tenente Walter, embora na reserva remunerada, foi convidado a prestar seus serviços ao exército, novamente. O espírito de liderança e planejamento metódico, aliados à quase três décadas de bons serviços prestados à Força, levaram os chefes militares a convocá-lo.

- Barcelos

Recebemos apoio incondicional por parte do pessoal do Centro de Atendimento ao Turista (CAT), coordenado pela Secretaria de Turismo Vilmara Moraes e sua assessora Eunice de Araújo Ribeiro, que permitiu que usássemos suas instalações e equipamentos para digitação e upload das fotos. A Josely Macedo Bezerra, assessora particular, orientou seu staff para nos dar todas as informações solicitadas.


Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva

Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA)

Acadêmico da Academia de História Militar Terrestre do Brasil (AHIMTB)

Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS)

Site: http://www.amazoniaenossaselva.com.br

Acompanhe as fotos e demais artigos da expedição no Diário de Bordo
http://diarioriomar.blogspot.com/

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