"As instituições do mercado brasileiro vão lançcar no próximo dia 25, vão um projeto que pretende transformar o Brasil, entenda-se São Paulo, num centro financeiro internacional", informa Vinicius Torres Freire em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, 17-02-2010.
Eis o artigo.
O mercado financeiro do Brasil tornou-se grande, organizado e promissor o bastante para atrair o interesse dos centros financeiros do mundo, suas Bolsas e seus outros serviços. As ações das empresas líderes do país são tão ou mais negociadas lá fora do que na própria BM&FBovespa.
As instituições do mercado brasileiro pretendem desfechar não apenas um contra-ataque a esse interesse mas morder os negócios das praças globais - isto é, os relativos ao Brasil e à América Latina. No próximo dia 25, vão lançar um projeto que pretende transformar o Brasil, entenda-se São Paulo, num centro financeiro internacional.
Os envolvidos falam pouquíssimo sobre o projeto, uma associação da BM&FBovespa, da Febraban e da Anbima (Associação de instituições do mercado financeiro e de capitais). Até agora, existiria uma espécie de "plano de metas", que tem sido discutido com o governo.
O que significa, na prática, ser esse centro financeiro? Não há detalhes, até porque parte do projeto depende do governo. Fala-se apenas "em tese". Quer-se fazer do país um centro preferencial para lançamento e negociações de ações da região.
Pretende-se ainda que o Brasil seja o intermediário entre a América Latina e o resto do mundo. Isto é, um centro de passagem de operações financeiras como lançamento de títulos privados e de governos (do Brasil inclusive). O Brasil seria também uma central para a compensação de operações financeiras.
O governo está nessa história porque um centro financeiro com aspirações internacionais precisa remover dificuldades que encarecem negócios até em escala municipal. O mercado quer menos impostos e facilidades de transação e depósitos em moeda estrangeira. O governo diz que "não fechou nada", mas vai apoiar o projeto, mas sabe-se lá se é verdade. No ano passado, o BNDES disse que discutia com o setor privado como fortalecer o mercado secundário de títulos privados (isto é, o mercado em que se negociam títulos de dívida já lançados pelas empresas). Em breve, deve ser regulamentado um novo tipo de papel, por meio do qual bancos poderiam captar dinheiro a longo prazo, as letras financeiras (que também teriam um mercado secundário).
Para tudo isso funcionar e ser "global", é preciso baratear transações (cortar impostos), treinar muita gente, mudar várias normas burocráticas (como até horário de trabalho). E, mais polêmico, facilitar a entrada e a saída de capitais e operações com moeda estrangeira no Brasil.
O mercado está com ideias grandes. Houve a fusão BM&F e Bovespa. A BM&FBovespa comprou uma parte da CME, o maior grupo de de transações do mercado futuros e commodities do planeta, que controla a Chicago Mercantil Exchange, a New York Mercantile Exchange e a Chicago Board of Trade. No acordo, também acertaram a criação de uma plataforma eletrônica de negócios com ações, títulos de renda fixa e derivativos, que começaria a funcionar em 2011. Numa operação muitíssimo menor, a BM&FBovespa discute uma parceria com a Nasdaq, a Bolsa eletrônica dos EUA.
Enfim, a Bolsa brasileira quer se tornar a segunda maior do mundo em valor de mercado até 2012.
Posso estar sendo ignorante ao extremo, mas não entendo como uma área que não produz nada, só especula, que gerou uma crise internacional de proporções gigantescas pode ter apoio e investimento do BNDES, acho que este deveria voltar seus recursos para o setor produtivo.
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