“(...) assusta o Tenente no acordar,
sangrando, com a mão na chaga,
olhar de espanto no Bezerra,
que supunha colega de farda,
com a mão esquerda o afaga
e com a outra, a golpeada.
No peito, profunda dor.
Dor da ferida e da alma agredida
por outro soldado
pela Pátria adestrado,
a serviço da nação comunista.
Covarde, traidor.
Não tem nome melhor
o sanguinário matador.”
(Ernesto Caruso)
‘Lulla’ recebeu esta semana, em Salvador, a Grã-Cruz da Ordem Dois de Julho - Libertadores da Bahia e, na oportunidade, homenageou alguns ‘heróis brasileiros’, citando o nome do facínora Gregório Bezerra, como se este crápula pudesse ser considerado um deles. ‘Lulla’ afirmou que alguns ‘heróis nacionais’ foram relegados ao ostracismo, considerados bandidos e que é preciso resgatar suas ‘histórias de lutas’. Criticou, ainda, o tratamento que se dá a esses personagens, considerados como vítimas, quando deveriam ser tratados como heróis e complementou dizendo que isso se tratava de um equívoco histórico.
O equívoco não é da história, mas da ‘companheirada’ que, como ‘elle’, acha que assassinar brasileiros indefesos, ainda dormindo, pode ser considerado um ato heróico. No mundo real ‘Lulla’, esses bandidos seriam condenados por homicídio triplamente qualificado pela covardia, crueldade e torpeza de motivos.
- Gregório Bezerra Trajetória de um Assassino
O ex-sargento do Exército, Gregório Bezerra, nasceu no Sítio Mocós, em Panelas de Miranda, em 13 de março de 1900. A 06 de agosto 1917, participou, em Recife, de uma passeata que reivindicava melhores salários e se solidarizava ao movimento bolchevique soviético. Bezerra é preso, julgado.
Mais tarde, no Recife, em 1923, ingressa no Exército, sendo transferido para o Rio de Janeiro. Em 1927, faz o curso de Sargento de Infantaria. Como segundo-sargento, é designado Instrutor da Companhia de Metralhadoras Pesadas na Vila Militar, no Rio de Janeiro e logo em seguida, pede transferência para o Recife. Em janeiro de 1930, filia-se ao Partido Comunista Brasileiro - PCB passando a “organizar a massa militar na caserna”. Em 1935 era um dos líderes do movimento armado Aliança Nacional Libertadora (ANL).
- Intentona Comunista de 1935
Por Carlos Alberto Brilhante Ustra
O Sargento Gregório Bezerra assassina, covardemente, o Tenente José Sampaio, que estava dormindo, e fere o Tenente Agnaldo Oliveira de Almeida, antes de ser subjugado e preso.
“(...) Em Pernambuco, o movimento teve início dia 24 de novembro, pela manhã, quando um sargento, comandando um grupo de civis, invadiu a Cadeia Pública e roubou o armamento dos policiais. No Centro de Preparação de Oficiais da Reserva, o sargento Gregório Bezerra, na tentativa de roubar o armamento do quartel, feriu o Tenente Aguinaldo Oliveira de Almeida e assassinou o Tenente José SAMPAIO Xavier. Os revoltosos tentaram tomar o Quartel General da 7ª Região Militar e outras unidades do Exército, mas, não o conseguiram porque a antecipação do movimento em Natal prejudicou a surpresa e colocou a guarnição Federal em alerta.
(...) A reação partiu do 29º Batalhão de Caçadores (29ºBC), em Socorro, a 18 km de Recife, auxiliado pelas Forças Federais de Alagoas e Paraíba e pela Polícia Militar de Pernambuco. Esse foi o mais sangrento de todos os levantes. O número de mortos chegou a algumas centenas. O historiador Glauco Carneiro em Histórias das Revoluções Brasileiras, volume II, página 424, escreveu:
“... dos três levantes comunistas de 1935, foi o de Pernambuco o mais sangrento, recolhendo-se 720 mortos só na operação na frente de Recife.”
Em 26 de novembro, o Presidente Vargas, ciente da gravidade da situação, decretou o estado de sítio em todo o País, após autorização do Congresso Nacional. (...)
No Rio de Janeiro, no 3º Regimento de Infantaria (3ºRI), na Praia Vermelha, o Capitão Agildo Barata Ribeiro, que estava preso no Quartel, auxiliado pelo Tenente Francisco Antônio Leivas Otero, aliciara inúmeros militares, formando uma célula comunista entre os oficiais e praças da unidade. Portanto, foi fácil para eles iniciar a rebelião na hora marcada. Às duas horas da manhã, apagaram-se as luzes. A escuridão favoreceu os amotinados que, assim, não podiam ser identificados. O tiroteio foi intenso e alguns militares que se opunham aos comunistas morreram ainda dormindo.
A ação determinada dos Capitães Alexânio Bittencourt e Álvaro da Silva Braga impediu o sucesso comunista no Quartel da Praia Vermelha. Pela manhã do dia 27 de novembro, o 3ºRI estava cercado pelo Batalhão de Guardas (BG), pelo 2º Batalhão de Caçadores (2º BC) e pelo 1º Grupo de Obuses. Às 13 horas, atendendo a uma intimação do General Eurico Gaspar Dutra, os rebeldes se renderam.
O movimento, se vitorioso, teria duas fases. Na primeira, seria organizado um Governo Popular de Coalizão. Na seguinte, viriam os ‘sovietes’, o Exército do Povo e a hegemonia dos comunistas. Derrotados, mudaram o estilo, a técnica e a forma de atuar, mas não se afastaram, jamais, dos seus desígnios de implantar no Brasil um governo marxista-leninista.
Como a direção do PCB não fora atingida, ela continuaria a agir, na clandestinidade e de forma mais cautelosa, visando à instituição de um Governo Popular Nacional Revolucionário. Na Praça General Tibúrcio, na Praia Vermelha, Rio de Janeiro, foi erguido um monumento em homenagem aos mortos pelos comunistas, em 27 de novembro de 1935”.
Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva
Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA)
Acadêmico da Academia de História Militar Terrestre do Brasil (AHIMTB)
Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS)
Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional
Site: http://www.amazoniaenossaselva.com.br
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