"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

domingo, julho 25, 2010

Sobre o Posicionamento

Mino Carta, em seu editorial da última Carta, vem comentando sobre as diversas reações negativas que a revista está recebendo por sua postura de ter assumido a defesa da campanha de Dilma Roussef.
Existe uma fantasia, que nem aquela que falei em recente post (o coelhinho da páscoa), que existe a objetividade em certas atividades. Isso deriva diretamente das chamadas ciências sociais, que pregam o distanciamento para que ocorra uma análise perfeita da situação.
Nada mais falacioso do que esse pensamento. Isso não existe. Qualquer pesquisa é tendenciosa. Só a academia se ilude ainda que faz o oposto. Quando alguém vai escrever uma tese, é claro que vai escolher os autores que corroboram com sua idéia, e mesmo assim o vai fazer com uma certa gama de autores. Ou seja, se isso não é tendencioso, não sei mais o que é. Além do mais, não conheço (se alguém souber por favor me avise) nenhum curso de mestrado ou doutorado, em que a escolha dos assuntos a serem pesquisados não seja já direcionado na seleção, pois as correntes de pesquisa já estão pré-definidas pelos professores que só abarcam determinada área. E novamente digo, se isso não é tendencioso, não sei o que é.
Então, não vejo, como o posicionamento de Carta em relação à Dilma possa ser criticado. Existe sim, o caráter subjetivo inerente em tudo que é feito nas ciências sociais, incluindo aí o jornalismo, quem pensa o contrário está acreditando no coelhinho da páscoa. E se esse é o posicionamento aceito por quem faz a revista, ninguém é obrigado a lê-la.
Lembro-me de quando veja publicou a reportagem sobre os professores de história e geografia dizendo que em sua maioria eram subversivos e as publicações da área eram todas de esquerda, me revoltei com aquela reportagem de tal forma que deixei completamente de ler a revista (nessa época lia as duas, até mesmo para ter as visões dos dois lados). A reportagem acusou um professor do CMPA (publiquei um post sobre isso na época) de ser comunista e incentivar seus alunos contra os pais burgueses em outra escola em que dá aula. Ridícula a situação, pois é um professor que não tem esse direcionamento em sala de aula (se é comunista fora, é opção de vida dele e ninguém tem nada a ver com isso, apesar de não o ser). Mas o que importa aqui é o fato de escolha, ou livre arbítrio, ninguém é obrigado a ler ou concordar com tudo que está escrito. Então, aos que criticam o posicionamento de Mino, que, ou deixem de ler a revista, ou façam como eu que sou leitor (e incentivador da leitura) da revista, mas quando não concordo com algo que está escrito publico aqui minha discordância.


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