"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

quarta-feira, abril 04, 2007

Instituto Humanitas Unisinos - 04/04/07

Desembolso anual do BNDES para múltis sobe de 3% para 24%

No intervalo de 12 anos, de 1995 a 2006, os empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para empresas controladas por capital estrangeiro no Brasil passaram de insignificantes 2,7% para 23,9% do total desembolsado no ano. Em números absolutos, os valores passaram de R$ 195 milhões para R$ 12,2 bilhões no ano passado, graças ao crescimento exponencial dos desembolsos totais do banco estatal, que passaram de R$ 7 bilhões para R$ 51,3 bilhões ao longo deste período. A reportagem é do jornal Valor, 4-04-2007.

Em meados dos anos 1990, a direção do BNDES eliminou a proibição que havia até então para empréstimos a empresas de controle estrangeiro. Desde então, a participação relativa dessas empresas no total dos financiamentos do banco manteve uma curva ascendente quase sem interrupção. A proibição foi suspensa, principalmente, porque o banco entendeu que feria a Constituição de 1988 que não faz distinção entre empresas instaladas no país pela origem do capital.

Os setores de papel e celulose, automobilístico, de transporte aquaviário e de máquinas e equipamentos lideraram os desembolsos em 2006 para as empresas de capital estrangeiro. O setor automobilístico tem sido historicamente um dos principais clientes do banco estatal desde o fim do veto ao capital estrangeiro. Somente em 2003 o banco aprovou R$ 2,3 bilhões para as montadoras. O setor elétrico também tem sido um cliente tradicional, especialmente após as privatizações.

Nos últimos três anos o crescimento dos empréstimos às multinacionais se acelerou, chegando a 14,8% do total em 2004, a 22,3% em 2005 e a quase um quarto do total no ano passado. Para analistas ouvidos pelo Valor, vários fatores vêm contribuindo para essa aceleração, a começar pela queda das taxas de juros domésticas. Esses especialistas observaram também que, apesar de crescentes, os financiamentos às empresas de controle estrangeiro ainda estão longe de ser proporcionais à fatia da produção de bens e serviços que essas empresas detêm na economia brasileira.

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