É correta a decisão de Lula de suspender a venda do direito de explorar petróleo nas novas e talvez enormes reservas do litoral. “Excluir as novas reservas do próximo leilão de áreas de exploração de petróleo foi uma decisão acertada”, escreve Vinicius Torres Freire, jornalista, no jornal Folha de S. Paulo, 13-11-2007. “Além de não ser conhecido o potencial das reservas – comenta o jornalista - não se conhecem as suas conexões (se se trata de um único imenso campo etc.), não há política para o ritmo de extração de petróleo naquelas áreas e, enfim, as reservas são da União, ponto”.
Segundo ele, “os lobistas que criticaram a decisão oficial recorreram ao clichê vulgar e automático ("quebra de contratos", "incerteza", "ameaça ao investimento privado"). Mas até quem estudou petróleo com o Visconde de Sabugosa, de Monteiro Lobato, poderia argumentar que os investimentos e tecnologia de Petrobras e cia., que gastaram os tubos para descobrir petróleo literalmente no quinto dos infernos, poderiam ser vampirizados por empresas que despenderiam uns trocados para comprar a concessão de explorar petróleo na área vizinha às da estatal”.
E ele continua:
“Se o governo e o império da Petrobras pretendem estatizar todo o negócio, são outros quinhentos (maus quinhentos). Por ora, houve apenas atitude prudente e razoável de repensar as concessões. Mas os lobistas choram uns US$ 4 milhões que as petroleiras interessadas no leilão teriam investido em estudos etc., que alegam desperdiçados agora que o governo suspendeu a concessão das reservas boca-rica. Oh, dó! Dá até vontade de fazer uma vaquinha para compensar Chevron, Repsol, ExxonMobil ou quaisquer que fossem as grandes irmãs interessadas”.
E conclui:
“As viúvas do tucanato e/ou lobistas ainda reclamam do atropelamento da agência reguladora do setor, a ANP, pelo governo. Supondo que tal coisa tivesse ocorrido (e não uma decisão de governo legítima), onde estavam nossos amigos da concorrência, do mercado e da regulação independente quando FHC transformou a Aneel num dois de paus? Foi o que fez ao criar o ministério do apagão, a "junta" que pôs esparadrapo na mãe de todas as lambanças administrativas, o racionamento elétrico. Onde estavam quando o governo FHC politizou a privatização das teles, abjurando a fé em leilões de desestatização, que seriam por si só capazes de dar conta de preço e concorrência justa?”
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