"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

terça-feira, março 11, 2008

Instituto Humanitas Unisinos - 03/03/08

Em conflito, Bogotá teria vantagem. A força militar melhor equipada da América Latina

O batalhão Lanceros, do Exército da Colômbia, reage ao alerta vermelho em 15 minutos - nesse tempo, o grupo precursor de 60 homens está alinhado para embarcar no Hércules C-130, pronto para o deslocamento. Na base, aguardando a ordem de mobilização, a tropa permanece sempre a não mais de cinco minutos dos sacos de viagem. A reportagem é de Roberto Godoy e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo,04-03-2008.

As forças especiais, entre as quais está a unidade de pronta resposta dos homens vestidos de negro, usam as mesmas armas dos times de elite americanos. Na hipótese de um conflito com a Venezuela e o Equador, o contingente da Colômbia contaria com a experiência acumulada ao longo dos mais de 40 anos de luta contra as Farc.

As Forças Armadas de Bogotá são atualmente as mais bem treinadas e equipadas da América Latina, segundo o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos de Londres. Essa condição foi atingida por meio do Plano Colômbia, mantido pelos Estados Unidos, ao custo de US$ 4,15 bilhões em sete anos. O pacote de apoio incluiu helicópteros Black Hawk em versões sofisticadas, treinamento especializado em bases dos EUA, preparação física, disciplina e adequação de material. Corporações militares privadas como a DynCorp, a ManTech, TRW e Matcom, foram contratadas para cuidar do diferencial: a produção de informações de inteligência. Uma rede de sete radares de vigilância funciona em toda a área sensível, no interior do país e nas fronteiras da Venezuela e Equador. Claro, parte dos dados chega ao Comando Sul, na Flórida. A vigilância é feita também por aviões eletrônicos como o RC-7, comprado em 2001, e os grandes Awacs americanos, que operam a partir da base de Manta, no Equador.

Com mais de 200 mil combatentes, a tropa colombiana não tem tanques - prefere os blindados sobre rodas, inclusive brasileiros Urutu e Cascavel , modernizados por empresas americanas. Aposta na agilidade de movimento. A aviação emprega largamente helicópteros e a frota dos Super Tucanos, da Embraer - dois deles lançaram as bombas dirigidas por laser que atingiram o acampamento de Raúl Reyes.

A Venezuela ainda não é a potência regional que o presidente Hugo Chávez pretende. Comprou muito - cerca de US$ 4 bilhões - mas recebeu só a primeira fornada: os 20 caças Su-30 iniciais, 17 helicópteros e, talvez, 100 mil fuzis Ak-47 importados da Rússia. Problema: apenas 12 dos supersônicos estão em condições de vôo. E há poucos pilotos preparados para o uso das aeronaves. Os batalhões deslocados para a fronteira são apoiados por velhos tanques leves franceses AMX-13 e, mais uma vez, pelo brasileiros Urutu.

No Equador o quadro é melancólico: parte da Força Aérea está presa ao chão, sem manutenção. E quase todas as máquinas de guerra têm mais de 25 anos de uso, sem revitalização.

CRISES ANTERIORES

Seqüestro de Granda

Os governos da Colômbia e da Venezuela enfrentaram uma crise diplomática no início de 2005 provocada pela captura, em Caracas, de Rodrigo Granda, conhecido como o "chanceler" das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

Granda desapareceu em dezembro de 2004 da Venezuela e dias depois a Colômbia anunciou ter capturado o "chanceler" na cidade colombiana de Cúcuta. O presidente venezuelano, Hugo Chávez, acusou o governo da Colômbia de ter seqüestrado o guerrilheiro das Farc em Caracas, no dia 13 de dezembro de 2004, violando a soberania territorial da Venezuela.

Bogotá acabou admitindo que pagou uma "recompensa" a cinco policiais venezuelanos pela captura de Granda e Chávez suspendeu todos os projetos de desenvolvimento binacionais e retirou o embaixador venezuelano de Bogotá.

A Colômbia acabou libertando o guerrilheiro após o presidente da França, Nicolas Sarkozy, convencer seu colega colombiano, Álvaro Uribe, de que ele seria útil nas negociações para obter a libertação dos reféns políticos das Farc.

Veneno contra drogas

O Equador enfrentou uma crise diplomática com a Colômbia no final de 2006 por causa das operações de pulverização com herbicida nas proximidades da fronteira equatoriana.

Na ocasião, o então presidente do Equador, Alfredo Palacios, suspendeu todas as negociações bilaterais com a Colômbia até a interrupção das pulverizações.

Mas, em meio às tensões por causa do bombardeio colombiano que matou Raúl Reyes, número 2 das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) em território equatoriano, o governo de Quito disse ontem que estuda abrir um processo contra a Colômbia nas Corte Internacional de Justiça pelo uso do herbicida glifosato nas pulverizações aéreas na fronteira entre os dois países.

O governo colombiano iniciou a pulverização para acabar com supostos cultivos de folha de coca e papoula no território colombiano. Mas os camponeses equatorianos, que vivem na divisa com a Colômbia, disseram que o herbicida espalhado pelo vento prejudicou suas plantações de banana e milho, além de prejudicar a saúde da população local.

Nenhum comentário: