Os EUA indicaram ontem que esperam de países como o Brasil um comprometimento maior com os esforços que a Colômbia tem feito para combater os guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e evitar a repetição de episódios como a crise deflagrada na semana passada por um ataque militar colombiano contra um acampamento guerrilheiro no Equador. A reportagem é de Ricardo Balthazar e publicada pelo jornal Valor, 13-03-2008.
"Por mais perturbadas que algumas pessoas possam ficar com o que a Colômbia fez, há um reconhecimento de que a responsabilidade por evitar que isso ocorra de novo depende do grau de comprometimento dos vizinhos em ajudar a Colômbia a se proteger", disse o secretário de Estado assistente para a América Latina, Thomas Shannon, principal autoridade diplomática dos EUA para a região.
Após dias de crise diplomática, o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, pediu desculpas na semana passada por ter violado o território equatoriano ao bombardear o acampamento das Farc. Ele também pediu a cooperação dos vizinhos para impedir que os guerrilheiros continuem encontrando abrigo em áreas de fronteira no Equador e na Venezuela.
Em discurso para membros de uma associação de empresas com negócios na América Latina, o presidente dos EUA, George Bush, disse ontem que as seguidas manifestações de simpatia do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, pelos guerrilheiros das Farc são sinais de um "comportamento provocador" que deveria ser rechaçado por outros líderes latino-americanos.
"Há muito em jogo na América do Sul", disse Bush. "Como mostra o recente impasse nos Andes, a região precisa cada vez mais fazer uma escolha clara: aceitar calmamente a visão dos terroristas e dos demagogos, ou apoiar ativamente líderes democráticos como o presidente Uribe."
A crise regional deverá ser o assunto principal das conversas que a secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, terá no Brasil hoje, numa visita de poucas horas programada meses antes da ação militar colombiana. Rice se reunirá com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, visitará Salvador e amanhã irá ao Chile.
Shannon evitou discutir as diferenças entre as posições de Brasil e EUA diante da crise. O Brasil condenou a violação do território equatoriano pela Colômbia, mas evitou manifestações públicas sobre o papel da Venezuela e do Equador na crise. "Minha experiência com o Brasil diz que eles são muito duros com as Farc quando as Farc entram no Brasil", disse Shannon, sem elaborar o assunto.
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