"O potencial de crescimento do país vinha sendo subestimado por muitos economistas, como parecem comprovar os números recentes", constata Paulo Nogueira Batista Jr., economista e diretor-executivo no FMI, em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, 13-03-2008.
Mas o economista chama a atenção para um aspecto peculiar:
"A experiência começa a revelar como era enganosa aquela idéia, muito difundida entre nós, de que o Brasil só voltaria a crescer depois que implementasse uma série de difíceis reformas estruturais (previdenciária, tributária, trabalhista etc.). As reformas estruturais podem ser importantes, mas não constituíam precondição para a retomada do crescimento econômico. O governo Lula foi seduzido por essa idéia durante a maior parte do seu primeiro mandato, mas depois percebeu que estava marcando passo e deu mais ênfase à aceleração do crescimento".
"Quais são os riscos?', pergunta o economista.
Ele destaca três:
"Primeiro, há o risco de que um excesso de zelo na condução da política antiinflacionária venha a abortar o crescimento em curso. Segundo, a existência de gargalos na infra-estrutura de transporte e energia pode limitar a expansão da economia nos próximos anos. Por último, não se deve descartar um agravamento do quadro econômico internacional, o que afetaria a nossa capacidade de crescer -especialmente se esse agravamento coincidir com uma deterioração acentuada das nossas contas externas provocada pela valorização cambial".
E conclui:
"Mas os riscos são administráveis e podem ser enfrentados com sucesso. Equilíbrio na política de combate à inflação, investimentos em infra-estrutura e reforço da nossa posição externa -esses são os elementos centrais para garantir a continuação do crescimento".
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