O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, acredita que a China terá um papel-chave para determinar até que ponto os demais emergentes serão ou não impactados pelas turbulências no mercado. Mas garantiu que o Brasil “está mostrando grande resistência e é um exemplo brilhante” de como evitar a contaminação. Meirelles mantém a previsão de expansão do PIB em 4,5% para 2008, mas evita comentar se o País conseguirá o grau de investimento este ano. Ele admitiu também que a desvalorização do dólar “é preocupante” e a situação da economia americana está se deteriorando. A reportagem é de Jamil Chade e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 11-03-2008.
“Se a China não resistir, não há dúvida de que o cenário será outro para o Brasil. Se o mundo todo desacelerar ao mesmo tempo, isso terá um certo efeito no País.” Na avaliação de Meirelles, o mercado acompanhará de perto os efeitos da desaceleração americana na China, o que provocaria um impacto nos demais países asiáticos e mesmo em outras regiões.
Por enquanto, Meirelles mantém a previsão de desaceleração do crescimento da economia brasileira em 0,7% entre 2007 e 2008. “Se o quadro mundial for pior, o crescimento no Brasil também será pior.” Sobre o grau de investimento, Meirelles é cauteloso: “Quando vier, virá”.
Ontem, durante a reunião entre os principais bancos centrais do mundo na Basiléia, o foco eram os emergentes. A idéia é de que, se economias como China, Índia, Brasil e Rússia continuarem a mostrar crescimento do consumo, podem ajudar a resgatar a economia dos EUA com o aumento das exportações.
“Por isso é importante que os emergentes estejam fortes para importar. Caso contrário, os americanos não conseguirão transformar suas exportações numa espécie de amortecedor da crise, mesmo com a desvalorização do dólar”, avaliou Meirelles. A China, nessa equação, tem peso fundamental.
Esse é o motivo pelo qual todo o mercado financeiro está torcendo para que Pequim tenha um bom desempenho interno, e não apenas baseado em exportações. Meirelles admite que o mercado prevê queda no ritmo de crescimento do PIB chinês em 2008. Mas acredita que a atual demanda interna chinesa seja forte e o país tenha capacidade de absorver a produção.
Apesar do fator chinês, Meirelles adverte que os EUA terão de resolver seus problemas. “Não há dúvida de que o centro da questão ainda é a economia americana, que precisa mostrar sinais de estabilização.”
Segundo ele, quanto mais rápido os bancos souberem quanto perderam na crise do subprime, mais rápido virá a calma nos mercados. “É importante que os bancos tenham a visão mais clara possível da dimensão das perdas. A partir daí, o mercado financeiro e de crédito pode funcionar normalmente.”
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