De 1995 a 2005, os gastos do governo federal com saúde passaram de R$ 28,7 bilhões para R$ 35,9 bilhões e os com educação de R$ 15,2 bilhões para R$ 17,4 bilhões, já descontados o efeitos da inflação, mas caíram em relação ao Produto Interno Bruto (PIB). No caso da saúde, a redução foi de 1,79% para 1,59% do PIB, enquanto na educação, de 0,95% para 0,77% do PIB. A reportagem é da Agência Brasil e publicada pelo jornal Valor, 11-03-2008.
As informações fazem parte de um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), vinculado ao Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, que avaliou os gastos sociais federais, considerando a política econômica adotada no país.
Para José Aparecido Ribeiro, técnico de Planejamento e Pesquisa da Diretoria de Estudos Sociais do Ipea, a educação e a saúde são grandes fronteiras que necessitam de qualidade de gestão e ampliação dos investimentos. "Não vai se montar o Plano de Aceleração (PAC) da Educação, o Fundo Nacional da Educação Básica, sem o acréscimo de recursos. Não vamos consolidar o SUS como se espera se não colocarmos mais recursos na Saúde", afirmou ele.
Nos 11 anos avaliados pelo estudo, a saúde se manteve na terceira posição entre as áreas sociais com maior destinação de recursos. As duas áreas que mais recebem dinheiro são as da previdência e dos benefícios a servidores públicos. A educação, que ocupava o quarto lugar em 1995, passou para a quinta posição, superada pela assistência social, que em 2005 recebeu R$ 18,8 bilhões do governo federal - o equivalente a 0,83% do PIB.
Evilásio Salvador, assessor de Política Social e Orçamentária do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) não vê problemas no fato de o país gastar mais atualmente com assistência social do que com educação. "A assistência social é um gasto importante e relevante. Se pegarmos R$ 18 bilhões ainda é pouco diante do desafio colocado na Constituição e do resgate social que o país tem feito. O que é pouco é o gasto com educação e saúde", disse ele.
Para Salvador, a falta de investimentos em saúde e educação não decorre da escassez de recursos, mas da canalização para a área financeira. "A gente vê que a dificuldade de crescimento desses gastos é o gasto financeiro do governo com o pagamento de juros e amortização da dívida". O deslocamento de recursos arrecadados para financiamento da área social para pagamento da dívida pública também foi apontado pelo estudo do Ipea.
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