Em meio ao agravamento da crise política do Zimbábue, relatos de mutilações começaram a se somar ontem ao número crescente de assassinatos e torturas no país. Aliados do presidente Robert Mugabe — que está no poder há 28 anos e tenta mais uma reeleição — estariam cortando as mãos e quebrando os dedos de partidários da oposição para impedi-los de votar no segundo turno das eleições presidenciais, marcado para amanhã. A notícia é do jornal O Globo, 26-06-2008.
— A violência é maior no interior, as pessoas têm as mãos cortadas e os dedos quebrados — relata um jornalista que preferiu não divulgar o nome, em referência a uma prática que remete à Serra Leoa, país que em 2002 pôs fim a dez anos de uma guerra civil que marcou o mundo pelas imagens de seus mutilados.
O líder da oposição, Morgan Tsvangirai, que retirou sua candidatura no domingo para evitar mais derramamento de sangue e se refugiou na embaixada da Holanda, disse que pelo 86 de seus seguidores foram mortos, 10 mil estão feridos e cerca de 200 mil pessoas foram desalojadas de suas casas.
No entanto, médicos e outras fontes da oposição estimam que o número de mortos já possa ser quase seis vezes maior e chegar a 500. Médicos estariam tão ocupados em dar conta dos feridos que não estão conseguindo atualizar seus relatórios. O Conselho de Segurança da ONU disse que uma grande quantidade de pessoas já morreu.
Violência não é uma grande novidade no Zimbábue, mas o país passa por uma escalada do terror alarmante desde o primeiro turno das eleições, em 29 de março, quando pela primeira vez desde 1980 o ditador começou a correr risco de perder o posto. Mugabe está no poder desde o fim da colonização britânica. No primeiro turno das eleições, a oposição assumiu a maioria no parlamento e Tsvangirai recebeu mais votos do que Mugabe, embora não em número suficiente para garantir uma vitória direta.
Ontem, a polícia de Mugabe prendeu mais de 200 pessoas da sede do partido da oposição, Movimento para a Mudança Democrática (MDC, na sigla em inglês). A maioria era de partidários que buscavam refúgio no prédio para escapar dos ataques violentos das milícias do partido da situação, o Zanu-PF.
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