Apesar da elevação dos índices de inflação e do custo da cesta básica, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva avaliou ontem, em Curitiba, que a situação do País é “confortável”. “Dentre os Brics (Brasil, Rússia, Índia e China), o Brasil é o país que tem menos inflação. Portanto, estamos numa situação confortável, dentro da meta que estabelecemos de 4,5%, com dois para cima e dois para baixo”, afirmou ele, ao anunciar o Plano Agrícola e Pecuário 2008/09. A reportagem é de Evandro Fadel e Fabíola Salvador e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo,03-07-2008.
O programa, grande aposta do governo para conter a alta de preços no mercado interno, destinará R$ 65 bilhões para a agricultura empresarial, R$ 7 bilhões a mais do que na safra anterior. Hoje, Lula lança o Plano de Safra para a agricultura familiar, que receberá R$ 13 bilhões. No total, a produção agrícola receberá R$ 78 bilhões.
É um aumento de R$ 8 bilhões em relação à safra passada, mas Lula já espera críticas. “A mulher prepara uma bela mesa de Natal, mata o frango mais gordinho, compra castanhas, mas aí vem um filho e pergunta se só tem aquilo. Ele nem degustou o que estava na mesa e já quer comer o que vai ser comprado ano que vem”, disse o presidente.
Lula disse que a inflação brasileira é causada pela crescente demanda mundial por alimentos e a resposta para essa situação é o aumento da produção agrícola. “Quanto mais alimentos nós tivermos, mais nós vamos poder oferecer comida a um preço mais barato.”
Segundo o presidente, o quadro atual é uma oportunidade para o Brasil: “Quando o mundo precisar comer, o País tem de dizer: ‘venha comprar porque o Brasil tem para vender’”. Não por acaso, um dos principais pontos do plano é a criação de uma linha de crédito de R$ 1 bilhão para recuperar áreas degradadas que poderão ser ocupadas com lavouras de grãos.
Para a agricultura familiar, a principal medida é a criação de uma linha de crédito para financiamento de 60 mil tratores. Com isso, aumentará a produtividade das pequenas lavouras.
Em discurso, Lula afirmou que os agricultores familiares não podem se restringir à produção de subsistência. “O plano terá uma palavra de ordem, que é dobrar a produção em cada pequena propriedade. Chega de produzir a cultura da subsistência”, afirmou o presidente. “É para plantar o que puder plantar, para comer e beber, tem que falar para os pequenos que é bom ganhar dinheiro, comprar televisão nova, comprar carro novo, comprar roupa nova para os filhos.”
Mesmo com a divisão entre agricultura empresarial e familiar, o presidente lembrou que o setor precisa trabalhar junto. “Estamos todos dentro de um barco. Tem gente na proa, na popa, na casa de máquinas e tem gente limpando o porão. Mas, se o barco afundar, todos serão iguais debaixo d’água.”
FERTILIZANTES
O presidente observou que o mundo desenvolvido acusa o etanol de ser responsável pelo aumento dos preços dos alimentos. “Eles não querem discutir quanto o petróleo tem de incidência no custo do fertilizante, do frete e da energia. Eles não estão dispostos a discutir isso.”
O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, classificou de “preocupante” a dependência do Brasil em relação aos fertilizantes importados. Ele afirmou ser contrário a qualquer taxação à importação de fertilizantes. “A tendência é desonerar. Taxar importação, nunca”, disse Stephanes.
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