As regiões Centro-Oeste e Sul também poderão vir a receber centrais nucleares de geração de energia elétrica, afirmou ontem o presidente da Eletronuclear, Othon Pinheiro. Segundo ele, a empresa está ampliando, a pedido do Ministério de Minas e Energia (MME), os estudos dos locais que receberão as usinas. O Plano Nacional de Energia prevê a construção de quatro a oito usinas nucleares até o ano de 2030.
A notícia é do jornal Valor, 08-06-2010.
A previsão inicial é de construção de uma a duas unidades no Nordeste e no Sudeste. Cada unidade terá capacidade para se tornar um central nuclear, com até seis usinas de capacidade de 1 mil a 1,2 mil megawatts cada. Os estudos, feitos em parceria com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), para que o ministério escolha o local que abrigará a usina no Nordeste, serão entregues pela Eletronuclear dentro de três meses. Serão enviadas cinco possibilidades diferentes dentro de cada Estado escolhido: Sergipe, Alagoas, Bahia e Pernambuco.
A escolha, segundo Pinheiro, deverá ser feita pelo MME e submetida ao Congresso, de acordo com a necessidade social do local. "A construção de uma usina nuclear é um vetor de desenvolvimento", disse, depois de particpar da 33ª Conferência da Associação Internacional para a Economia da Energia, no Rio de Janeiro.
Para ele, o que vai ditar a necessidade do número de unidades até 2030 será o ritmo de crescimento do país. Se o avanço ficar em torno de 3% a 3,5% por ano, a construção de quatro unidades deverá ser suficiente para suprir a demanda. Mas se o Brasil crescer a um ritmo em torno de 4,5% a 5% anuais, serão necessárias mais oito usinas nucleares, além das três de Angra.
Como o Rio já vai abrigar três usinas, com a construção da terceira unidade - cuja licença definitiva para construção foi concedida pela Comissão de Energia Nuclear (Cnen) na semana passada - o Estado estaria automaticamente descartado para abrigar a nova central do Sudeste.
"O Rio tende a estar fora. Já São Paulo é tecnicamente uma boa opção, do ponto de vista do sistema, porque é um centro de consumo", disse Pinheiro. Os estudos que apresentarão ao ministério os locais do Sudeste que poderão abrigar uma unidade serão entregues até o início de 2012.
Com a entrega dos estudos do Nordeste em três meses e do Sudeste em pouco mais de um ano, a próxima central nuclear "vai ter que sair seguramente nos próximos dois anos, e a outra, em quatro anos". "Ninguém no mundo, entre decidir e fazer efetivamente, levou menos de dez anos", disse o presidente da Eletronuclear.
O ministro de Minas e Energia, Marcio Zimmermann, disse ontem que o governo brasileiro deverá definir até o próximo ano qual tecnologia usará no seu novo programa de energia nuclear, depois que a parceria com a Alemanha foi encerrada com o início da construção de Angra 3.
"Angra 2 e 3 eram com projeto da Alemanha e agora temos que criar um novo programa nuclear, onde temos que especificar a tecnologia e o tipo de nacionalização que vamos querer", disse Zimmermann. "Você hoje tem máquinas modernas da Toshiba, estão montando uma na China que dizem que é novidade, vamos ver isso tudo", explicou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário