Cubanos de Miami preparam festa para morte de Fidel
Celebração, considerada mórbida por parte dos exilados, deve ser no Orange Bowl
Prefeitura de Miami planeja o evento; ditador cubano não é visto em público desde fim de julho, quando passou por cirurgia no intestino
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
ENVIADO ESPECIAL A MIAMI
A Prefeitura de Miami já organiza a festa oficial da morte do ditador cubano Fidel Castro. O evento está previsto para acontecer no Orange Bowl, o estádio de futebol americano da cidade, e no bairro de Little Havana, onde vive a maioria dos exilados do regime castrista nos EUA, tão logo morra o líder comunista.
Apesar da falta de notícias sobre o ditador, uma comissão foi montada no início de janeiro para planejar os custos, o tempo e a programação dos eventos, quais músicos e artistas participarão e definir até a estampa de camisetas com dizeres "por uma Cuba livre".
Fidel, 80, não é visto em público há quase seis meses. Ele se afastou do poder em 31 de julho de 2006, quando foi submetido a uma cirurgia no intestino e transferiu o governo interinamente para seu irmão Raúl. Desde então, apareceu apenas em fotos e imagens de TV -a mais nova delas, de outubro.
Com a falta de informação oficial sobre a saúde do ex-ditador, proliferam versões sobre o seu estado. As hipóteses mais freqüentemente citadas são as de que ele sofra de câncer e de que tenha diverticulite.
Centenas de exilados cubanos têm ido às ruas de Little Havana, na região central de Miami, para comemorar a doença Fidel. As cenas de carnaval refletem a expectativa da população de 800 mil cubano-americanos do sul da Flórida de que o regime comunista na ilha possa estar chegando ao fim depois de 48 anos.
Segundo a prefeitura, o estádio Orange Bowl foi escolhido por ter sido palco, em 1961, de um discurso do então presidente John F. Kennedy em que prometia "a liberdade em Cuba" e por ter abrigado, na década de 1980, refugiados vindos da ilha no barco Mariel.
"Ele [Fidel] representa tudo de ruim que possa ter acontecido ao povo cubano nas últimas cinco décadas. Há motivos para comemoração, independentemente do que venha a acontecer no futuro", avalia Tomás Regalado, secretário da cidade.
Morbidez
A festa, no entanto, é vista com morbidez por parte das associações de expatriados cubanos. Para a fundação Movimento Democracia, a comunidade internacional deve reprovar a comemoração, que tem apoio do governador republicano Charlie Crist. O partido obtém muito de sua força no Estado do apoio de cubano-americanos por sua abordagem sem compromissos em relação ao regime de Castro. Os eleitores latinos do Estado tiveram papel crucial na vitória do presidente George W. Bush em 2000.
Analistas prevêem um fluxo de refugiados cubanos pelos estreitos da Flórida se a ilha cair na violência. Outros cenários possíveis incluem uma fuga em massa de exilados viajando na direção oposta para encontrar parentes ou voltar para casa.
Desde agosto passado, quando o governo comunista informou a passagem de poder, a Guarda Costeira da Flórida criou uma força-tarefa para conter uma possível corrente de cubanos rumo aos EUA.
Nenhum comentário:
Postar um comentário