Clima: até 3,2 bilhões podem ficar sem água
Novo estudo sobre aquecimento global revela que geleiras perderam 50% de sua área nos últimos 150 anos
CANBERRA. O aquecimento global poderá provocar uma crise de escassez de alimento e água de proporções jamais enfrentadas. Dados preliminares do novo relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) indicam que, até o fim do século, de 1,1 bilhão a 3,2 bilhões de pessoas enfrentarão a escassez de água. A falta de alimento atingiria de 200 milhões a 600 milhões.
As regiões mais afetadas pela falta de água serão China, Austrália e partes da Europa e dos EUA. O relatório aponta ainda que, nas regiões costeiras, cerca de sete milhões de casas serão atingidas pelo aumento do nível do mar. Tais previsões são relativas a um aumento global de 2 a 3 graus Celsius.
O trecho do relatório do IPCC que trata das conseqüências diretas do aquecimento só será divulgado oficialmente em abril (a primeira parte será lançada amanhã). Mas o jornal Australiano "The Age" teve acesso a alguns dados.
- A mensagem é que todas as regiões da Terra serão expostas - afirmou Graeme Pearman, um dos autores do relatório do IPCC. - A China, como a Austrália, perderá um volume de chuva significativo em suas áreas agrícolas.
A grande barreira de corais da Austrália estará "funcionalmente extinta" e a neve desaparecerá por completo do país até o fim do século. Na Europa, as geleiras desaparecerão por completo da parte central dos Alpes. Um outro estudo divulgado ontem apresenta sinais inequívocos das mudanças climáticas.
De acordo com o Serviço Mundial de Monitoramento de Geleiras, afiliado à ONU, as geleiras estão derretendo numa velocidade três vezes superior à de 1980. E, pior: desde 1850, já perderam 50% de seu gelo. As temperaturas globais nesse período aumentaram 0,8 grau Celsius. Um aumento de 3 graus Celsius, como prevê o IPCC, na Europa, por exemplo, representará uma perda de 80% da neve remanescente dos Alpes.
- Se as previsões estiverem corretas, somente as maiores e mais altas geleiras do mundo sobreviverão ao século XXI - afirmou Michael Zemp, do serviço de monitoramento.
Diante dos novos e alarmantes dados, a Agência da ONU para o Meio Ambiente já pediu ao secretário-geral da organização, Ban Ki-moon, uma reunião de emergência sobre clima.
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