Já se dá como praticamente certa a elevação da Selic na próxima reunião do Copom, na semana que vem, depois da divulgação da inflação de março, de 0,48%, muito acima das previsões do mercado. A dúvida do mercado é se a alta será de 0,25 ou de meio ponto percentual. A reportagem é de Guilherme Barros e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 11-04-2008.
Para o economista Júlio Sérgio Gomes de Almeida, do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), será um erro fatal o Banco Central aumentar a Selic, mesmo se a alta for de 0,25 ponto, como se prevê. A seu ver, o Banco Central irá repetir o mesmo erro de 2004, quando aumentou o juro e a economia se desacelerou. Naquele ano, o BC iniciou o ciclo da alta dos juros com um aumento de 0,25 ponto.
"O que o Banco Central vai fazer é desacelerar uma economia que está um primor", diz o economista. "A melhor coisa é não fazer nada."
O argumento do economista do Iedi é que essa alta da inflação foi provocada principalmente pela alta dos preços dos alimentos, um fenômeno mundial que o Banco Central não tem condições de controlar. O resto dos preços, segundo ele, está bem comportado.
"Será que o Banco Central quer controlar a inflação do mundo?", pergunta.
O Iedi acaba de concluir um estudo com a análise da variação do índice de preços ao consumidor em 26 países industrializados e emergentes.
Apesar de o petróleo ter registrado uma alta de 57% no ano passado, os preços dos alimentos pressionaram mais a inflação em 11 países dos 26 pesquisados. São eles: Brasil, Chile, México, Rússia, Polônia, África do Sul, China, Índia, Taiwan, Indonésia e Malásia.
Em cinco países, o item alimentação registrou a segunda maior variação em 2007, atrás de educação (na Alemanha), transporte (Itália), aluguel (Hong Kong) e bebidas alcoólicas e cigarros (República Tcheca e Turquia). Nos Estados Unidos, Japão, Reino Unido, Cingapura, Tailândia e Venezuela, o grupo alimentação registrou a terceira maior variação anual.
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