'Transgênicos: As sementes do mal'. Livro denuncia impactos dos OGM
Um agricultor alemão plantou em sua propriedade o milho BT 176, da empresa Syngenta. Depois de tratar os seus animais com o milho transgênico, eles morreram. Essa é uma das diversas denúncias que os escritores Antônio Andrioli e Richard Fuchs trazem no livro Transgênicos: As sementes do mal - A silenciosa contaminação de solos e alimentos. Através de uma coletânea de textos, os autores abordam os impactos sociais, econômicos e ambientais do cultivo de alimentos transgênicos. A notícia é da Agência Chasque, 14-04-2008.
Antônio Andrioli é pós-doutorando no Instituto de Sociologia da Universidade Johannes-Kepler de Linz, na Áustria. Ele relata a aversão que países europeus têm sobre os produtos transgênicos. “A grande polêmica na Alemanha é com o milho transgênico da Monsanto, MON 810, que é o mesmo milho que foi aprovado no Brasil recentemente. Esse milho está sendo proibido em oito países da Europa. Temos uma proibição do cultivo desse milho na França, na Itália, na Áustria, na Suíça, na Polônia, na Grécia e na Romênia. E infelizmente a Alemanha tem liberado experimentos com esse milho, experimentos que acabam contaminando as lavouras vizinhas e, em função disso, há 154 áreas livres de transgênicos que são hoje criadas na Alemanha como tentativa de resistência”, afirma.
Antonio alerta para a falta de conhecimento da população acerca do alimento transgênico e a incapacidade do governo em decidir sobre a soberania alimentar do Brasil. “O tema está muito atual, aqui na Europa, em função dessa recusa dos consumidores em consumir esse milho. Infelizmente, no Brasil, nós não temos praticamente nenhum debate sobre esse tema.
emos uma aprovação por parte de uma comissão assim chamada técnica de biossegurança, que é chamada CTNBio, que não tem competência nessa área, porque a maioria dos profissionais que estão ali como cientistas não são especialistas em biossegurança, e sim, propagandeadores da biotecnologia. Nós não temos representatividade da sociedade civil nessa comissão que se coloca acima, inclusive, da Constituição Federal, que exige estudo de impacto ambiental e nós temos, inclusive, um problema de critérios, não há nenhum critério para a avaliação de riscos”, conta.
Para Antonio, o Brasil fez uma clara opção pelo agronegócio e à política de apoio às exportações, ao cultivar o milho transgênico para a produção de bioetanol. Além disso, a transgenia permite a produção de grandes áreas com poucos trabalhadores, pois não é necessário realizar a sua capina.
“No caso do milho transgênico, esse é um milho resistente ao herbicida, mas também resistente a um inseto, então a idéia de que se possa produzir sem a necessidade de utilizar inseticida mas se deve ressaltar que dentro dessa planta, desse milho transgênico, existe uma toxina que é produzida por uma bactéria que foi introduzida. Então essa planta produz todo o tempo em que ela está aí, inclusive depois, na palha permanece uma toxina. Essa toxina não elimina apenas o inseto, essa toxina é prejudicial também para outros seres vivos, ao ecossistema em geral. Inclusive, nós temos indícios muito claros, hoje, nos países onde esse milho não foi aprovado, foi proibido, que ele tem problemas sérios de causar imunodeficiência e, se pode causar imunodeficiência, nós podemos ver porque as indústrias farmacêuticas estão interessadas na liberação desse milho”.
O livro traz o debate sobre os defensores dos transgênicos, os quais afirmam que as sementes não têm riscos. Ao mesmo tempo, impedem que a população saiba quais os produtos que contêm transgenia, pois as embalagens ainda não apresentam a rotulagem. Segundo Antônio, a liberação é forçada pelas multinacionais, através do lobby sobre o parlamento e o governo brasileiro, igual ao que as empresas fazem em todo o mundo.
No Brasil, três mil exemplares do livro estão sendo distribuídos gratuitamente para universidades, centros de pesquisas e movimentos sociais. Também estão à venda pela Editora Expressão Popular no endereço de Internet www.expressaopopular.com.br
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