“A queda do Mário Magalhães talvez represente um dos acontecimentos mais importantes na história moderna e contemporânea do jornalismo brasileiro”. A opinião é de Antonio Fausto Neto, professor no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Unisinos, em entrevista concedida à IHU On-Line. Mário Magalhães foi o ombudsman do jornal Folha de S. Paulo pois não concordou com a condição imposta pelo jornal de não mais publicar suas críticas diárias na internet.
“O primeiro motivo que identifico da sua demissão é antológico, filosófico e conceitual”, afirma Fausto Neto. Pois, segundo o professor, “o ombudsman apresenta uma fala que intermedia o interesse empresarial do interesse do leitor. Ele é instituído pela empresa jornalística, mas está a serviço do leitor. Ora, no momento em que o Mário, assegurado pelos interesses da instituição e autorizado por ela, amplia o protocolo de trabalho do ombudsman, no sentido de fazer com que ele opere não somente pelo impresso, mas no âmbito da internet, plugada à economia produtiva da Folha, relatando, além disso, publicamente sua análise diária do jornal via internet, num certo momento, esse jornal reage. Essa reação ocorre em razão de esse pedaço das mídias livres ficar conectado à Folha e operar dentro de outra ambiência midiática. Então, passa a existir uma contradição. O ombudsman funciona bem num sistema de dispositivo fechado, quando a sua leitura reage a um sistema de jornal convencional. No entanto, quando isso se espalha através das novas mídias que estão enraizadas dentro de um modelo da empresa jornalística, no caso a Folha, esta é obrigada a recuar de seu contrato firmado com o ombudsman, à medida que uma determinada manifestação pode ser contrária ao seu interesse organizacional. A queda do Mário Magalhães talvez represente um dos acontecimentos mais importantes na história moderna e contemporânea do jornalismo brasileiro”.
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