Para países de renda média, como o Brasil, o Banco Mundial recomenda um valor mais alto para definir a linha da pobreza. Nestas regiões, todos aqueles que ganham menos de US$ 2,00 por dia devem ser considerados pobres. A entidade ainda alerta que o número absoluto da pobreza na América Latina aumenta nos últimos 25 anos.
A reportagem é de Jamil Chade e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 27-08-2008.
Pelo novo cálculo do Banco Mundial, que considera a renda diária abaixo de US$ 1,25 como extrema pobreza, 45,1 milhões de latino-americanos se encaixavam no perfil, em 2005. Em 1981, o número era de 44,9 milhões. Mas se for considerado o corte recomendado a países em desenvolvimento, de US$ 2,00 de renda diária, os números da pobreza mais do que dobram.
Nesse caso, 98 milhões de latino-americanos estariam entre os que ganham menos de US$ 2,00 ao dia, 17,9% da população da região em 2005. Há 25 anos, um quarto da população do continente ganhava menos de US$ 2,00 por dia. Na América Latina, o consumo diário de uma pessoa com renda menor que US$ 2,00 por dia é de US$ 1,26.
Para a entidade, este valor oferece uma avaliação mais correta de quem de fato é pobre em países de renda média porque, diante dos custos de vida, um mesmo salário na África não seria suficiente para que um brasileiro fosse considerado fora da linha da pobreza. Antes da revisão, o número de pobres latino-americanos com renda de US$ 1,00 por dia, o número de pobres era de 27 milhões.
O Banco Mundial, no entanto, reconhece que, em termos porcentuais, a América Latina reduziu o tamanho da camada mais miserável em comparação ao restante da população. Mas a redução ainda não foi suficiente para que o número absoluto de pobres diminuísse.
No cálculo anterior de pobreza, em que a linha considerada era abaixo de US$ 1,00 de renda por dia, o Banco estimava que 7,4% dos latino-americanos eram miseráveis em 1981. Em 1984, a taxa subia para 9,1%. Mas, em 2005, havia caído para 5% da população. Pelo novo cálculo de pobreza, 12,3% dos latino-americanos eram pobres em 1981, ganhando menos de US$ 1,25 por dia. A taxa chegou a quase 14% nos anos 80 e, em 2005, recuou para 8,2% da população.
O índice latino-americano é um dos melhores entre as regiões em desenvolvimento. Mas é mais pobre que o Oriente Médio e o Leste Europeu.
No total, 2,6 bilhões de pessoas vivem com menos de US$ 2,00 ao dia no planeta e o Banco Mundial alerta que isso é uma prova de que as dificuldades para superar essa marca serão ainda maiores para a humanidade.
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