Para ganhadores do Nobel, o mercado livre nem sempre é justo
Joellen Perry, The Wall Street Journal, de Lindau, Alemanha
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A globalização e a tecnologia aumentaram as desigualdades econômicas no mundo, de acordo com quatro ganhadores do Prêmio Nobel de Economia. Para eles, os governos deveriam intervir para ajudar os mais pobres.
(...) O livre mercado não é sempre justo e economistas deveriam ajudar os governos a achar uma maneira de aliviar o problema.
"Boa parte da economia trata da relativa eficiência da alocação de mercado", disse Robert Solow, economista americano de pendores esquerdistas que ganhou o Prêmio Nobel em 1987 por separar os componentes de crescimento econômico em trabalho, capital e mudança tecnológica.
(...) Solow, que foi economista do governo do presidente John Kennedy, no início dos anos 60, identificou três causas principais para a crescente disparidade global. A globalização, segundo ele, aumentou drasticamente o número de trabalhadores menos qualificados, diminuindo os salários destes em países desenvolvidos. A rapidez das inovações tecnológicas também fez crescer a demanda por trabalhadores altamente qualificados, cujos salários aumentaram devido a uma demanda maior do que a oferta. E sindicatos perderam terreno e os salários dos trabalhadores sofreram quando os países desenvolvidos deixaram de ter economias dominadas pela manufatura e passaram a ser predominantemente de serviços.
(...) A globalização pode ter resultados variados, disse George Akerlof, americano que ganhou o Nobel em 2001 por trabalho sobre como os mercados funcionam quando compradores e vendedores têm diferentes quantidades de informação sobre o produto à venda.
"A abertura é boa para países que têm capacidade administrativa para lidar com isso", disse Akerlof, agora professor de economia na Universidade da Califórnia em Berkeley. No entanto, em países como a Índia no século 19, globalização significava sucumbir às regras estrangeiras com "conseqüências extremamente ruins".
Agora, no entanto, muitos indianos estão se beneficiando da abertura das fronteiras porque o país adotou as mudanças tecnológicas - fator positivo para a economia global, ainda que ponha empregados americanos na rua. (...)
A distribuição da riqueza entre países requer instituições saudáveis, disse Finn Kydland, economista norueguês que também trabalha na Universidade da Califórnia em Berkeley. Ele ganhou o Nobel em 2004 pelo seu trabalho sobre as forças que direcionam os ciclos de negócios e pela pesquisa que mostra como motivações políticas de curto prazo podem sabotar sólidas políticas econômicas.
"A globalização deveria ser boa para todos os países", mas não é, a menos que as políticas governamentais estejam à altura do desafio, disse Kydland. Olhe para Brasil e Argentina nas duas últimas décadas, acrescentou. No Brasil, o crescimento global fez com que o salário dos trabalhadores menos qualificados aumentasse mais do que o dos trabalhadores com salários mais altos. (...)
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