"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

quarta-feira, outubro 01, 2008

Os cabeças de panilha e a crise

Blog do Luis Nassif - 30/09/08

Um pequeno exemplo sobre como funciona o estilo “projetar a fotografia” adotado por lguns analistas econômicos. Sua análise consiste em pegar séries históricas, fotografar o momento atual e projetar para o futuro. Se não existe crise hoje, não há porque incluí-la no cenário futuro.

Menciono o artigo do “professor de Deus”, por ser um economista que tem a coragem de se expor. Mas vale para todo esse padrão de análise que domina o mercado e, por via dele, o jornalismo financeiro.

Todos os pontos que ele coloca estavam delineados há tempos e foram sistematicamente ignorados pela cobertura financeira e pelas analistas de mídia (para separar daqueles analistas que falam menos mas que perceberam há mais tempo esse tsunami e proporcionaram lucros gordos às suas instituições)

De Alexandre Schwartsman, na Folha de hoje

(...) De qualquer forma, portanto, vivemos a iminência de uma forte queda adicional do crescimento americano, cujas conseqüências não podem ser ignoradas. Especificamente no caso brasileiro, se é verdade que apenas pouco mais de 2% do PIB estão diretamente expostos (via exportações) à economia americana, há outros canais pelos quais o país pode sofrer impactos negativos.

O primeiro viria pela queda no preço de commodities na esteira da desaceleração mundial.

A elevação no preço desses bens implicou aumento no preço dos bens exportados pelo Brasil relativamente àqueles que importamos. Isso tem permitido aumentar as importações mais do que poderíamos em circunstâncias normais, e, portanto, possibilita que a demanda doméstica cresça bem à frente do PIB. Sem, porém, o auxílio das commodities, isso não poderia ser mantido, implicando significativa depreciação do real combinada com aperto monetário para trazer o crescimento da demanda doméstica a níveis inferiores aos do crescimento do PIB.

Por outro lado, é difícil imaginar que uma forte redução do crescimento mundial não resulte também em redução do fluxo de capitais para as economias emergentes, Brasil entre elas, levando à depreciação adicional do câmbio e à necessidade de conter ainda mais a demanda.

Isso dito, se as conseqüências da crise serão negativas, é também importante notar que o Brasil dispõe, hoje, de instrumentos que permitem, ao menos, mitigar esses efeitos (...)

Os alertas do Blog

23/01/08 08:34



O desafio brasileiro


O grande desafio atual do país é: como reduzir a tendência de aumento do déficit em transações correntes. Esse é o ponto central.

Com o câmbio do jeito que está, mantidas as atuais condições de vôo, 2008 já registrará déficit em transações correntes, perfeitamente financiável – se mantidas as atuais condições de vôo.

A questão é que, na ponta, a deterioração do saldo comercial está vindo muito rápida. Com a ampliação da crise, mudam as condições de vôo. Os países se tornarão mais protecionistas, haverá muito mais competição no mercado internacional.



Coluna Econômica - 28/01/2008

O mercado e os erros continuados


Em meados do ano passado, colunistas de jornais afiançavam que eram irreversíveis as mudanças no cenário internacional; que o Brasil teria que se conformar em ter moeda apreciado e ser um exportador de commodities.

No final do ano, com a crise externa comendo solta, muitos colunistas enfatizavam o “descolamento” da crise. Isto é, a crise ficaria restrita à maior economia mundial, e não afetaria os grandes emergentes, como China, Índia, Rússia e Brasil.

Eram teses estapafúrdias. Se os grandes emergentes crescem ancorados no crescimento do comercio mundial, é evidente que um esfriamento na economia do maior comprador afetará a todos. Mas a tese do “descolamento” pegou.



Coluna Econômica - 30/01/2008

Jogando com a sorte


Continuo chamando a atenção para a deterioração das contas externas brasileiras. Hoje em dia, é o ponto sensível. Contas externas são como um transatlântico: não se consegue mudar a rota rapidamente. Por isso mesmo, quando a rota aponta para uma zona de perigo, governantes responsáveis tratam de providenciar mudanças, que só terão efeito mais adiante.



09/04/08 09:30



A marcha da insensatez

Na semana passada já tinha comentado, aqui, as incongruências do Relatório de Inflação do Banco Central.


O todo era diferente da soma das partes.

Juntando as partes, tinha-se um quadro futuro de menos pressão sobre atividade econômica e preços e de aumento de riscos sobre as contas externas:

• Risco de ampliação da recessão mundial.

• Risco de queda nos preços das principais commodities.

• Aumento na percepção de risco mundial reduzindo, a médio prazo, os fluxos financeiros para o país.

Mesmo assim, as conclusões do relatório eram de que aumentaram os riscos de inflação e que as contas externas são financiáveis a médio prazo.

Coluna Econômica - 24/06/2008

Até onde irá o dólar


Por quanto tempo ainda o dólar vai continuar se depreciando frente o real? Como será a saída desse situação surreal, de um dólar abaixo de R$ 1,60?

Operadores experientes apostam que o dólar continuará caindo, podendo chegar perto de R$ 1,55. Depois, em um ponto próximo qualquer – talvez em outubro – haverá um repique, uma revalorização que poderá devolvê-lo ao patamr de R$ 1,75 a R$ 1,80.



02/07/08 07:35

A sinuca de bico da inflação


A demora do Banco Central em baixar os juros, quando podia, em segurar o câmbio, enquanto dava tempo, levou a isso: não pode baixar os juros, agora, senão as expectativas disparam; com juros altos, não haverá como evitar nova rodada de apreciação do real (a não ser que a crise internacional recrudesça mais cedo e influencie as cotações por aqui); com mais apreciação, aumentará o déficit nas transações correntes; e a crise internacional tornará cada vez mais difícil o financiamento dos emergentes.



Coluna Econômica - 01/08/2008

A cegueira com a crise externa

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