O Irã pode oferecer mais, ao Líbano, que os EUA
7-20/4/2009, Franklin Lamb, Counterpunch (de Beirute)
http://www.counterpunch.org/lamb04172009.html
Franklin Lamb pesquisa atualmente no Líbano.
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Talvez soe incongruente que em 2009 a República Popular Islâmica do Irã apareça como adversário tão poderoso dos EUA na disputa pelos corações e mentes dos libaneses, população altamente sofisticada, com história de ligações com o ocidente que remontam a antes das Cruzadas.
Parece estar acontecendo exatamente isso, à medida que o poder e o prestígio do Iran rapidamente crescem e espalham-se pela região, e aprofundam-se as milenares relações que unem Irã e Líbano, ao mesmo tempo em que se vai diluindo a influência dos norte-americanos.
A extensão de o quanto Washington já "perdeu" o Líbano para o Irã começará a ser cada vez mais evidente, à medida que os restos da herança maldita de Bush, os efeitos sísmicos do massacre de Gaza por Israel e os resultados das próximas eleições no Líbano e no Irã impactem cada vez mais profundamente a região.
O desafio regional que o Líbano enfrenta é construir laços com o poder que está crescendo na região – e que não é nem Egito, nem Israel, nem Arábia Saudita: é o Irã. A civilização de 9 mil anos, convertida à Xia islâmica por intelectuais libaneses em 1501, parece estar estrategicamente aliada ao Líbano, à Turquia, à Síria e à Rússia, em competição com os signatários de Camp David (apesar de Hosni Mubarak dizer o contrário), pelo status de "player" principal.
O Líbano está afastando-se do relacionamento com os EUA depois de anos de colaboração com Israel comprada e forçada pelos EUA. Os libaneses parecem estar começando a perceber, depois da destruição, em julho de 2006, na quinta guerra de Israel contra o Líbano, e depois do massacre de Gaza em dezembro de 2008 (11º ataque de Israel contra a Palestina), que o estado sionista deseja mais terra; que não deseja a paz; e que, dado que Israel já ocupou Washington DC, o futuro do Líbano tem de ser a resistência, não a obediência. Em resumo, muitos no Líbano começam a desejar um aliado confiável, não a continuação da pressão pelos EUA para manter a colaboração com Israel.
O Irã oferece mais dinheiro ao Líbano
A embaixada dos EUA, dia 14/4//2009, depois de revisar as previsões internas para eleições que se consideram em Washington como fatídicas para Israel, anunciou, exatamente às 14h35, que “os EUA entregarão ao exército libanês 12 teleguiados Raven imediatamente” (atenção: antes da eleição).
Apenas três horas depois, às 17h55 do mesmo dia 14/4, a embaixada americana liberou um segundo comunicado à imprensa: “Os EUA entregarão ao ministério do Interior 1,7 milhão de dólares como ajuda para enfrentar novos desafios durante as eleições”. Depois, o comunicado foi emendado: "Para enfrentar responsabilidades eleitorais".
Meia hora depois, a USAID (United States Agency for International Development) e Denise A. Herbol, diretora da Missão no Líbano elaboraram as ideias e resolveram explicaram que o dinheiro dos EUA serviria para oferecer "assistência técnica" durante as eleições. A USAID ainda desempenha papel importante nas eleições no Líbano, como sempre fez desde que lá chegou em 1951.
[Nota histórica sobre a USAID: Dia 18/4 completam-se exatamente 26 anos do 18/4/1983, 13h, quando Bill McIntyre, diretor da USAID, e a jornalista norte-americana Janet Lee Stevens sentaram-se para almoçar. A jornalista havia ido à embaixada dos EUA, à beira-mar, na Paris Avenue, para discutir política norte-americana e a necessidade de ajuda urgente a ser encaminhada a palestinos e xiitas libaneses, arrancados de suas casas no sul do Líbano pela invasão israelense de 1982. Sentaram-se para almoçar na cafeteria da Embaixada. Instantes depois, o bloco central do prédio da embaixada ruiu, efeito de quase uma tonelada de explosivos carregados para dentro da embaixada num caminhão roubado em 1982. Bill e Janet tiveram morte instantânea. Ano passado escrevi longamente sobre ela.]
Michele Sison, embaixadora dos EUA no Líbano, que testemunhou a assinatura do acordo, alterou ainda mais uma vez os termos; disse que o dinheiro ajudaria "na tabulação dos resultados eleitorais.”
Alguns libaneses não acreditaram nas frenéticas explicações para a distribuição de dinheiro, e um apoiador do Hizbóllah e funcionário da embaixada (há alguns, sempre discretíssimos: "Eu adoraria visitar Dahiyeh [bairro onde a maioria são membros do Hizbóllah], mas não se pode ir a lugar algum!”) disse que os 1,7 milhão de dólares "acabariam rolando por aí, no dia das eleições".
O Irã (mais de 90% são xiitas) e o Líbano (cerca de 52% de xiitas) estão cada vez mais interligados mediante milhares de casamentos, profundos valores culturais e religiosos e, também, por laços políticos e econômicos cada vez mais frequentes.
A ajuda dos EUA a Israel já ultrapassou 160 bilhões de dólares ao longo de 40 anos. Dependendo de como seja calculada hoje, são de 8 a 15 milhões por ano. Os libaneses também já percebem que, nas duas últimas décadas, até que se configurou a possibilidade de o Hizbóllah aliado do Irã ganhar a maioria no Parlamento nas eleições que acontecerão dentro de dois meses, a ajuda dos EUA ao Líbano alcançou o máximo de 35 milhões de dólares, num ano bom. Em 2006, a ajuda militar ao Líbano totalizou 410 milhões de dólares; e só armas leves a serem usadas dentro do Líbano, imprestáveis para a defesa do país contra agressões de Israel.
O novo governo libanês muito provavelmente reconhecerá a legitimidade do Hizbóllah como movimento armado, integrando a capacidade militar da Resistência Libanesa ao exército libanês, mediante fórmula que está sendo negociada. Pela primeira vez na história, o Líbano não estará sujeito à ameaça de invasão e ocupação israelenses. E muitos libaneses esperam que o Líbano venha a ter papel importante no retorno à Palestina de cerca de 400 mil refugiados.
O Irã ofereceu ajuda financeira ao Líbano mais de dez vezes superior à ajuda norte-americana nos últimos 25 anos. O Líbano foi praticamente destruído com armamento dos EUA em 2006. Bem feitos os cálculos, a ajuda que o Irã oferece ao Líbano é cerca de 75 vezes maior que a ajuda recebida dos EUA.
O Líbano do século 21 já não se deixa impressionar pela lista de "organizações terroristas", por critérios dos EUA, na qual, por 12 anos, estiveram incluídos o Hizbóllah e, em 2006 e 2008, duas das principais empresas libanesas que trabalham na reconstrução, a Jihad al Bina e a Waad [promessa].
A mídia libanesa e várias ONGs têm perguntado a funcionários dos EUA que visitam o Líbano, o que significaria dizer que "terroristas" trabalham para reconstruir casas, escolas, hospitais, igrejas, mesquitas, bibliotecas e livrarias destruídas por Israel ao longo de mais de 40 anos e sempre com armamento norte-americano.
Outro fator que influencia a atitude dos libaneses a favor do Irã e contra os EUA são as experiências dos familiares dos combatentes que enfrentaram e/ou foram vítimas das muitas agressões israelenses ao Líbano, que se repetem desde dos anos 60. Apesar da relação de amor e ódio entre os libaneses e os 400 mil refugiados palestinos e apesar de o quanto uns tenham maltratado os outros várias vezes, desde a chegada das vítimas da catástrofe da Palestina de 1947-8 (a Nakba), enorme maioria dos libaneses apoiam e defendem o Direito de Retorno dos palestinos – que o Irã também apoia e defende, talvez até mais ativamente que o Líbano. Mas não há dúvida de que Líbano e Irã desejam o que os refugiados palestinos desejam: que os palestinos possam voltar à Palestina, sua terra.
Ao longo do ano passado, todos sentiram o renascimento da solidariedade dos libaneses à causa dos palestinos, que já está sendo abertamente defendida, sobretudo depois do massacre de Gaza. Já há solidariedade regional à resistência de todos contra os terroristas israelenses.
O Irã é visto como aliado mais ativamente solidário que o Líbano, porque a maioria dos muçulmanos libaneses não são religiosos praticantes; mas, como a maioria dos iranianos, os libaneses também respeitam os padrões corânicos de justiça e já se vê que, como o Irã, o Líbano não concordará com o que EUA e Israel exigem hoje: que esqueçamos o Direito de Retorno dos palestinos. Os libaneses reconhecem esse direito – que é internacionalmente reconhecido. E o vêem como ponto central da causa de todos os árabes, de todos os muçulmanos e de todos os homens e mulheres de boa-vontade em todo o mundo.
A posição de Irã e Líbano sobre a Palestina é mais evidente sobretudo entre as novas gerações de libaneses. Essa posição implica reconhecer que o projeto da "indústria do processo de paz", que já se arrasta por mais de 50 anos, foi fraude, conduzida por "negociadores" desonestos e sem qualquer "parceiro da paz" entre os representantes de Israel.
Por isso, tantos desconfiam tanto, hoje, do discurso do governo Obama sobre "a inevitabilidade de dois Estados" e "o imperativo de uma solução justa" – que veem como mais conversa, enquanto Israel continua a roubar terra dos palestinos e a matar mais palestinos.
Os libaneses hoje veem cada vez mais claramente a verdade do que a história lhes ensinou em seu próprio país, com ajuda do Irã: que a ocupação sempre cria resistência cada vez mais forte; e que a força e a determinação dos que resistam à ocupação e que se sacrificam para defender a justiça sempre derrotou e sempre derrotará o poder militar da ocupação. Os libaneses orgulham-se de suas vitórias contra Israel em 2000 e 2006, possibilitadas pela assistência que receberam do Irã; e todos sabem que os EUA forneciam armas e soldados a Israel, na guerra que há mais de 60 anos mata libaneses.
Iranistão no Líbano, ou conspiração xiita (Egito-Jordânia-sauditas)?
Enquanto alguns críticos da Resistência Libanesa fazem piada sobre "Divinas Vitórias" ou "as montanhas da vitória" (das ruínas deixadas no Líbano pelas bombas israelenses), a atual campanha que o Egito move contra o Hizbóllah e Hassan Nasrállah é vista no Líbano como ataque ao Líbano; e é reação contra os laços cada vez mais fortes que ligam o Líbano e o Irã.
A reação dentro do Líbano, que varia conforme a seita, está sendo vista como se o "novo faraó do Egito", Hosni Mubarak, se tivesse posto a blasfemar contra o patriarca maronita libanês, contra o grande aiatolá xiita, contra o iman sunita, contra o líder tribal dos druzos, contra o bispo armênio ou contra Rafiq Hariri, mártir. O Líbano está ofendido. As críticas são consideradas como parte da campanha eleitoral para eleger o grupo 14 de Março, apoiado por EUA e Israel nas próximas eleições.
Depois de descoberto "o complô", e na sequência do mesmo complô, Shimon Peres, um dos principais implementadores das ambições colonialistas sionistas aproveitou e deixou vazar que o Mossad israelense auxiliara a inteligência do Egito; declarou também, sempre rápido, que "é inevitável o confronto entre o leste do Irã sunita e a minoria xiita não árabe que busca tomar o poder. Mais cedo ou mais tarde, o mundo verá que o Irã aspira a controlar todo o Oriente Médio e tem ambições colonialistas."
Poucos libaneses supõem que o Hizbóllah deseje uma república islâmica como a iraniana no Líbano, ou que o Irã tenha algum objetivo semelhante a esse. O slogan "República Islâmica do Líbano" é coisa do início dos anos 80 e tem sido repetidamente rejeitado pelo Hizbóllah.
Foi evento circunstancial de propaganda, da época em que o Hizbóllah recrutava quadros, em disputa contra Amal e outros 30 grupos -- nas palavras de um recrutador do Hizbóllah no vale do Bekaa, perto de Nabysheet, e que ajudou a construir o Hizbóllah há 26 anos. Alguns políticos anti-Irã ainda tentam requentar o velho slogan, mesmo que poucos libaneses lhes deem ouvidos.
Muitos libaneses, que querem manter boas relações com EUA e com o Irã, entendem que diferentes governos dos EUA perderam muitas oportunidades para construir diálogo produtivo com o Irã por conta das agendas dos EUA, foram sempre inflexíveis em favor de Israel.
Já ninguém duvida de que o Irã já "venceu" a questão de construir capacidades nucleares; que terá os reatores que quiser ter; e que, se decidir ter bomba atômica, também terá.
Os libaneses gostaram da ideia de que o governo Obama abandonaria para sempre a exigência do governo Bush de impor, como condição para conversações de paz com os EUA, que o Irã desistisse de seu programa nuclear.
Os libaneses tampouco aceitam o espetáculo de nove países que, todos, têm bombas atômicas, tentarem impedir que o Irã use a energia nuclear para fins pacíficos... ao mesmo tempo em que nenhum daqueles países fala em acabar com seus próprios arsenais nucleares. Os libaneses também sabem dos muitos relatórios da inteligência dos EUA que já informaram que o Irã não trabalha para construir armas nucleares. Também sabem que, no governo Obama, o orçamento militar aumentou. Também sabem que os EUA gastam (também na produção e armazenamento de bombas atômicas) muito mais que todos os países do mundo, somados.
Segundo editorial de um diário de Beirute,
“Se a comunidade internacional tenciona seriamente manter o Oriente Médio livre de armas nucleares, o Conselho de Segurança da ONU pode começar por exigir o desativamento de todo o arsenal militar já instalado no Oriente Médio [quer dizer: em Israel], como condição para proibir que outros países produzam armas atômicas. A menos que trabalhe nessa direção, quem pode levar a sério a proposta de desarmamento do governo Obama? O Irã já propôs a criação de uma área desnuclearizada no Oriente Médio. A iniciativa iraniana foi ignorada, apesar de contar com o apoio de todas as nações da região, exceto Israel."
Dada a evidência de que o "desarmamento" proposto por Obama não acontecerá em futuro próximo, muitos libaneses já apoiam a iniciativa iraniana de construir poder de contenção, como meio para tentar impedir que Israel inicie uma sexta guerra contra o Líbano.
Professor de ciência política da Universidade do Líbano, que participou da exposição "Jerusalém, Centro da Cultura Árabe", integrada à exposição de cultura palestina organizada em Beirute pela UNESCO, inaugurada dia 12/3/2009, explicou:
"O Iran e a Resistência Muçulmano-cristã Libanesa impedirão que Israel ocupe o Líbano. As promessas de apoio dos EUA, de que defenderão a soberania do Líbano com algumas armas visam apenas a seduzir seus amigos, com vistas às próximas eleições. Observem, para ter certeza, o que farão os EUA, se a oposição vencer as eleições de 7/6/2009.
Os EUA não são confiáveis. O Irã é aliado do Líbano há centenas de anos. Nem todos concordam com todas as diferentes interpretações do Islam, mas todos são islâmicos e é mais fácil construir diálogos entre grupos islâmicos do que entre qualquer grupo islâmico e os EUA.”
Os esforços de EUA e Israel para demonizar o Irã na opinião pública libanesa, tentando apresentar os iranianos como fundamentalistas islâmicos fascistas, falharam.
Apenas 46% dos libaneses, conforme pesquisa recente feita pelo "Pew Charitable Trusts Global Values Project", concordaram com a frase "A religião é muito importante para mim", contra 90% da população muçulmana que declarou que respeita as ideias dos cristãos.
Sentimentos desse tipo são prova da tolerância religiosa no Líbano, e de que os libaneses sabem conviver com a diversidade; também explicam por que tantos libaneses não-religiosos apoiam o Hizbóllah (que é movimento político religioso). O apoio político não depende da religião e é resultado do apoio que os libaneses dão aos amplos programas de assistência social oferecidos gratuitamente pelo Hizbóllah e que nada têm a ver com algum puritanismo khomeinista.
A insistente repetição da propaganda do lobby israelense, de que o Irã terá bomba atômica "em poucos meses" e que isso implicaria ameaça mortal ao Líbano, faz rir os libaneses. Todos sabem que Israel tem entre 250-400 bombas nucleares. Golda Meir até ameaçou usá-las. A ameaça serviu para obrigar o então presidente Nixon a entregar quantidades massivas de armas a Israel, que saíram dos depósitos da base aérea Clark, nas Filipinas, durante a Guerra do Ramadam, em outubro de 1973.
"Será a confissão de Bibi, no Pessah?"
“O maior de todos os perigos, para Israel e para toda a humanidade, está na possibilidade de surgir um governo radical armado com bombas atômicas" –Netanyahu discursou para seu recém-formado gabinete, mês passado. Tentava falar do Irã. A frase de Netanyahu é hoje piada, no Líbano: o que ele disse aplica-se perfeitamente a Israel, único regime radical armado com bombas atômicas que há hoje no mundo. "Será a confissão de Bibi, no Pessah?" – ouviu-se num programa humorístico, da televisão libanesa, essa semana.
O discurso de culto messiânico apocalíptico de Netanyahu, contra o Irã, é a mesma toada e vem da mesma Israel que, nos anos 80, tentava enfraquecer o Iraque; contra nação que, em 500 anos, jamais invadiu países vizinhos e viveu em paz, valorizando mais a estabilidade que aventuras militares colonialistas, enquanto Israel não faz outra coisa além de atacar todas as fronteiras que a cercam e invadir terra alheia, há 60 anos.
Dennis Ross, fantoche que fala pelo lobby israelense-norte-americano, que efetivamente promovia interesses israelenses, não interesses norte-americanos durante os governos Clinton e Bush (hoje, inexplicavelmente, solicitou acesso ao arquivo do Irã [da inteligência dos EUA]), só fala do risco de Israel ser aniquilada por um Irã "nuclear". Sua única preocupação é que um Irã nuclear, com poder de contenção na região, ponha fim à dominação israelense, e que os governos do Irã e do Líbano, trabalhando coordenadamente, forcem concessões territoriais significativas (inclusive a volta de Israel para trás da fronteira demarcada em 1967) e avanço dramático na paz em todo o Oriente Médio.
Algo bem próximo disso já apareceu em fala de Netanyahu, quando disse recentemente a Jeffrey Goldberg, da [revista] Atlantic que “um Irã armado com bombas atômicas provocaria alteração sísmica no equilíbrio de poder em nossa área". O embaixador libanês dos Direitos Humanos, Ali Khalil, concorda: “O Irã só é ameaça para o sionismo – como o Hizbóllah e todos quantos lutam na crescente resistência palestina e na resistência internacional contra o terrorismo de Israel.”
Na opinião dos libaneses, como observou semana passada o embaixador russo, Sergei Kislyak, o Irã não representa nenhum tipo de ameaça nem para os EUA nem para o Líbano.
O lobby israelense não está completamente satisfeito com Obama. O discurso de posse de Obama, de que seu governo aprofundaria relações com estados rivais e que "estenderia a mão [a quem] abrisse o punho cerrado" foi recebido com olhares gelados, pelo lobby israelense.
Quando, apenas duas semanas depois da posse, Obama disse aos líderes reunidos na Turquia que"queremos que o Irã assuma o lugar que lhe cabe na comunidade de nações, politicamente e economicamente" e acrescentou que os EUA apoiarão "os direitos do Irã ao uso de energia nuclear para fins pacíficos, sob supervisão rigorosa", o discurso foi interpretado como muito distante dos limites fixados pelo lobby israelense. Que fim teriam levado as palavras ameaçadoras de Hilary, que falara de cercar o Irã com armas nucleares dos EUA?
Com os atuais recursos naturais já conhecidos (estão sendo prospectados poços de gás e petróleo no oceano) o Líbano continua a trabalhar para desenvolver as indústrias do turismo e bancária, segundo, em linhas gerais, o modelo suíço. Muitos, no Líbano e no Irã esperam para saber o que haverá de verdade nas palavras do governo Obama.
Um dos principais líderes religiosos libaneses, o Aiatolá Mohammad Hussein Fadlallah, respeitadíssimo no Líbano, no Irã e em todo o Oriente Médio, disse aos fiéis, nas orações da manhã na última 6ª-feira, que “ouvimos belas palavras do novo governo dos EUA. Mediante diálogo e discussão honesta e discutindo livremente todas as preocupações dos dois lados, poderemos resolver nossos desentendimentos e construir melhores condições de vida para nosso povo”.
O Líbano resistirá à pressão dos EUA para conter as relações cada dia mais amplas com o Irã, como resiste à herança dos anos Bush, segundo a qual "ou conosco ou contra nós". A ampla maioria dos libaneses prefere ter boas relações com ambos, Teerã e Washington e nada disso mudará, seja qual for o resultado das urnas no próximo 7/6.
Se se analisam os fatos com seriedade, é o governo Obama quem tem de optar por construir relações normais com o Oriente Médio e boa parte do mundo, respondendo assim à mudança de ventos na opinião pública nos EUA, em relação aos crimes que Israel comete e ao apoio que os EUA sempre deram à expansão sionista. Depende dos EUA. A escolha que fizerem determinará o futuro da presença e do status dos EUA em todo o Oriente Médio.
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