“O presidente Lula não tem nada de esquerda, nunca foi de esquerda”, constata o empresário Emílio Odebrecht em entrevista concedida a Guilherme de Barros e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 27-01-2008. Ele relata que conhece Lula desde 1992, “quando tive o prazer de ser apresentado a ele pelo governador Mário Covas. Ele via o presidente Lula como um homem com potencial futuro e, como ele tinha muito bom relacionamento conosco, acreditava muito na gente, apreciava a nossa filosofia, ele achava que essa aproximação seria útil para os dois e para o país. Foi Mário Covas quem nos aproximou”.
E continua:
“Foi uma relação extremamente gratificante porque eu tenho certeza que aprendi muito, a organização aprendeu muito, e ele e os companheiros dele que tiveram a oportunidade de conviver conosco também aprenderam bastante, tenho certeza. O empresário não tinha convivido com ele e por isso tinha uma imagem errada dele. Agora, ele não é "menino amarelo" [expressão que significa ingênuo, inocente]. Ele sabe perfeitamente o que quer e a estratégia para conseguir o que quer. Muitas vezes ele aparenta ser um pouco bobo, inocente, mas o "menino amarelo" de inocente não tem nada”.
Segundo ele, “o sucessor do Lula precisa ter um perfil de gestor, mas que mantenha os conceitos e os fundamentos de hoje” e aponta Dilma Rousseff e José Serra como os perfis ideais para “criar as condições para o setor produtivo funcionar”.
Para o empresário, “hoje, vivemos realmente um ciclo de crescimento sustentado. As bases, os fundamentos da economia nos dão essa conscientização de que isso é uma realidade. Lógico que há algumas preocupações, mas eu diria que estamos muito menos vulneráveis externamente e internamente do que no passado”.
Segundo ele, “nós quebramos um tabu enorme, que era a chegada de um presidente da esquerda e, mais ainda, um líder dos trabalhadores, e esse tabu não existe mais. O investidor estrangeiro sempre perguntava como se comportaria o Brasil com um presidente com esse perfil de esquerda, com essa ideologia, e veja o que aconteceu. Foi a melhor coisa que poderia ter acontecido para o nosso país, sem dúvida nenhuma. O investidor estrangeiro viu que os contratos foram preservados, que a linha ideológica, ao contrário, é até mais rígida, em determinados aspectos, do que a dos anteriores. O Brasil tem mais consistência e inspira outro nível de confiança ao investidor. Essa quebra de tabu tranqüilizou os investimentos, e o que se viu é que esse governo não tem nada de esquerda. O presidente Lula não tem nada de esquerda, nunca foi de esquerda”.
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