A eventual compra da mineradora anglo-suíça Xstrata elevaria em 81% o faturamento da Vale já em 2008. A estimativa foi feita pelo banco de investimento Morgan Stanley, em relatório que circula nas instituições financeiras. A reportagem é de Agnaldo Brito e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 30-01-2008.
A receita bruta da Vale este ano é estimada em US$ 42,1 bilhões, mas o sucesso de uma eventual oferta pela Xstrata, 4ª produtora mundial de cobre, elevará o faturamento para US$ 76,4 bilhões.
Para 2009, ainda segundo o banco, o faturamento combinado das duas mineradoras atingiria US$ 80 bilhões. A instituição ressalta ainda a ampliação da geração de caixa, que alcançaria US$ 40 bilhões neste ano. O valor de mercado das empresas combinadas superaria os US$ 200 bilhões.
A aquisição também tornaria a Vale, dentre as grandes mineradoras do mundo, aquela com maior diversificação no setor mineral, seja do ponto de vista geográfico, seja em relação à variedade de minérios que passaria a gerenciar. Além de ampliar a produção de níquel, de 300 mil para 385 mil toneladas por ano, o negócio quadruplicaria a produção de cobre, além de tornar a Vale uma das grandes produtoras mundiais de carvão mineral.
O jornal inglês Observer chegou a anunciar que a oferta oficial sairia ainda esta semana. Do ponto de vista financeiro, a Vale conseguiu um acordo com um grupo de 12 bancos para um financiamento de até US$ 50 bilhões. O valor estimado do negócio supera os US$ 80 bilhões. O Morgan Stanley indica no relatório que o prêmio pelo controle da Xstrata seria de 30%, o que elevaria o valor a US$ 83 bilhões. A Vale quer financiar US$ 50 bilhões e quitar o resto com a emissão de ações preferenciais. A princípio, a Glencore, principal acionista da Xstrata, toparia o modelo.
Relatório do Citi distribuído ontem ao mercado é otimista em relação ao negócio e considera a oferta da Vale pela Xstrata “quase inevitável”. “A Vale está disposta a comprar (com apoio do conselho) e a Glencore está disposta a vender (com nenhum outro pretendente nas mangas)”, afirmou o analista Alexander Hacking.
De acordo com avaliação do Citi, a união das duas mineradoras permitiria à Vale capturar sinergias de até US$ 3 bilhões, principalmente nas operações das minas de níquel. Com a Xstrata, a Vale, que adquiriu em 2006 a canadense Inco, amplia em 28% a produção anual do mineral. A anglo-suíça é hoje a 5ª em reservas no mundo, com 1,3 milhão de toneladas métricas de níquel contido.
Mas ainda resta o obstáculo político. O governo federal, como um dos principais acionistas da mineradora, ainda pode vetar o negócio, com os votos da BNDESPar (braço de participação do BNDES) e da Previ (fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil).
O principal argumento de grupos do governo contra a aquisição é a diluição da participação de acionistas como a Previ, por causa da necessária emissão de ações preferenciais em troca do controle da Xstrata.
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