Infra-estrutura
Portos estão próximos de sofrer um colapso
Mariana Mazza
Da equipe do Correio
O principal condutor do crescimento econômico brasileiro durante o primeiro mandato do governo Lula, o comércio exterior, está próximo do colapso pela falta de investimentos na infra-estrutura portuária. O alerta partiu da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), que após uma vasta pesquisa sobre as condições dos portos brasileiros, constatou que o país não tem como crescer com sustentabilidade se não criar urgentemente um plano logístico para os próximos anos. Segundo a confederação, o Brasil está limitado a operar 50 mil contêineres por dia nas condições atuais. Hoje, o país já movimenta mais de 40 mil.
Excesso de burocracia, custos acima do padrão internacional e falta de ações básicas para a manutenção do setor — como a dragagem para manter a profundidade dos berços onde os navios atracam — encabeçam a lista de problemas que podem levar o Brasil a um apagão logístico caso a economia volte a crescer com vigor. Os primeiros sintomas de estrangulamento pela deficiência dos portos é sentido no comércio exterior, onde 90% é feito por via marítima. Mesmo focando nas relações internacionais, os empresários do setor portuário estão convencidos de que o governo não deu a atenção necessária ao desenvolvimento desse ramo vital para as exportações e importações de qualquer país.
“A realidade brasileira nos entristece muito. Dos 54 portos brasileiros, não conseguimos encontrar um sequer que pudesse ser comparado aos portos internacionais”, afirmou o vice-presidente da CNT, Meton Soares. O retrato feito pela confederação só não é mais dramático, na opinião dos pesquisadores, porque boa parte da estrutura foi privatizada, o que reduziu parte dos custos e aumentou a eficiência da operação. Apesar disso, a diferença de custos em relação aos mais importantes portos do mundo, como o holandês Roterdã e o de Antuérpia, na Bélgica ainda é grande. Segundo Soares, o custo de movimentação de um contêiner em Antuérpia é metade do cobrado no Brasil. Mas, quando os portos eram estatais, o custo era ainda mais desnivelado, chegando a seis vezes o padrão internacional.
Modernização
Na semana passada, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, apresentou as pretensões do governo para atrair investimentos de aproximadamente R$ 7,4 bilhões nos próximos quatro anos para ampliar e modernizar os portos brasileiros. Caso o plano funcione, o aporte é bem-vindo, mas ainda insuficiente segundo as contas do setor. Na opinião da CNT, são necessários pelo menos US$ 5 bilhões para solucionar o gargalo portuário, cerca de R$ 4 bilhões a mais do que o projetado pela Casa Civil.
O presidente da Seção de Aquaviários da CNT, Glen Gordon Findley, acredita que algumas questões emergenciais poderiam ser resolvidas caso houvesse vontade política de aplicar a verba arrecadada com as taxas portuárias no desenvolvimento da infra-estrutura. “Apenas no porto de Santos, serão pagos R$ 170 milhões em taxas pelos operadores a título de dragagem. Mas, apenas de R$ 35 milhões a R$ 50 milhões devem ser usados até o fim do ano. O resto vai para custeio, questões trabalhistas e, eventualmente, para o caixa único da União”, critica Findley, referindo-se à política de superávit defendida pelo governo à revelia dos investimentos na infra-estrutura.
A burocracia foi apontada por 76,2% dos entrevistados pela CNT como um problema grave ou muito grave nos portos brasileiros. Os custos altos também reduzem o interesse no setor e atrapalham a logística na opinião de 71,1% dos operadores.
Portos estão próximos de sofrer um colapso
Mariana Mazza
Da equipe do Correio
O principal condutor do crescimento econômico brasileiro durante o primeiro mandato do governo Lula, o comércio exterior, está próximo do colapso pela falta de investimentos na infra-estrutura portuária. O alerta partiu da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), que após uma vasta pesquisa sobre as condições dos portos brasileiros, constatou que o país não tem como crescer com sustentabilidade se não criar urgentemente um plano logístico para os próximos anos. Segundo a confederação, o Brasil está limitado a operar 50 mil contêineres por dia nas condições atuais. Hoje, o país já movimenta mais de 40 mil.
Excesso de burocracia, custos acima do padrão internacional e falta de ações básicas para a manutenção do setor — como a dragagem para manter a profundidade dos berços onde os navios atracam — encabeçam a lista de problemas que podem levar o Brasil a um apagão logístico caso a economia volte a crescer com vigor. Os primeiros sintomas de estrangulamento pela deficiência dos portos é sentido no comércio exterior, onde 90% é feito por via marítima. Mesmo focando nas relações internacionais, os empresários do setor portuário estão convencidos de que o governo não deu a atenção necessária ao desenvolvimento desse ramo vital para as exportações e importações de qualquer país.
“A realidade brasileira nos entristece muito. Dos 54 portos brasileiros, não conseguimos encontrar um sequer que pudesse ser comparado aos portos internacionais”, afirmou o vice-presidente da CNT, Meton Soares. O retrato feito pela confederação só não é mais dramático, na opinião dos pesquisadores, porque boa parte da estrutura foi privatizada, o que reduziu parte dos custos e aumentou a eficiência da operação. Apesar disso, a diferença de custos em relação aos mais importantes portos do mundo, como o holandês Roterdã e o de Antuérpia, na Bélgica ainda é grande. Segundo Soares, o custo de movimentação de um contêiner em Antuérpia é metade do cobrado no Brasil. Mas, quando os portos eram estatais, o custo era ainda mais desnivelado, chegando a seis vezes o padrão internacional.
Modernização
Na semana passada, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, apresentou as pretensões do governo para atrair investimentos de aproximadamente R$ 7,4 bilhões nos próximos quatro anos para ampliar e modernizar os portos brasileiros. Caso o plano funcione, o aporte é bem-vindo, mas ainda insuficiente segundo as contas do setor. Na opinião da CNT, são necessários pelo menos US$ 5 bilhões para solucionar o gargalo portuário, cerca de R$ 4 bilhões a mais do que o projetado pela Casa Civil.
O presidente da Seção de Aquaviários da CNT, Glen Gordon Findley, acredita que algumas questões emergenciais poderiam ser resolvidas caso houvesse vontade política de aplicar a verba arrecadada com as taxas portuárias no desenvolvimento da infra-estrutura. “Apenas no porto de Santos, serão pagos R$ 170 milhões em taxas pelos operadores a título de dragagem. Mas, apenas de R$ 35 milhões a R$ 50 milhões devem ser usados até o fim do ano. O resto vai para custeio, questões trabalhistas e, eventualmente, para o caixa único da União”, critica Findley, referindo-se à política de superávit defendida pelo governo à revelia dos investimentos na infra-estrutura.
A burocracia foi apontada por 76,2% dos entrevistados pela CNT como um problema grave ou muito grave nos portos brasileiros. Os custos altos também reduzem o interesse no setor e atrapalham a logística na opinião de 71,1% dos operadores.
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