"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Folha de São Paulo - 04/12/06

Embraer só perde para Boeing e Airbus em jatos comerciais
Com avião de até 118 lugares, empresa brasileira ultrapassa Bombardier e obtém pedidos no valor recorde de US$ 13,3 bi
Empresa passou a atuar em segmento no qual não há concorrência; preço maior das aeronaves elevou o valor da carteira de pedidos

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

A brasileira Embraer superou sua maior concorrente, a canadense Bombardier, e assumiu o posto de terceira maior fabricante de jatos comerciais do mundo, atrás apenas da Boeing e da Airbus.
No dia 20 de novembro, a Embraer tinha pedidos firmes de 454 aviões, 417% a mais que a Bombardier, segundo a consultoria norte-americana Back Aviation Solutions. Os dados não incluem o segmento de jatos executivos, no qual a canadense tem maior participação.
"A Embraer não pode mais ser ignorada pelos investidores globais no setor aeroespacial e deve ser considerada ao lado de Boeing e Airbus", escreveu o analista Ronald Epstein em relatório da Merrill Lynch divulgado no dia 20 de novembro.
O que mudou a posição da empresa brasileira foi a decisão de produzir uma família de aviões maiores que os jatos regionais de até 50 lugares que eram sua marca registrada.
Com capacidade para até 118 passageiros, as novas aeronaves começaram a chegar ao mercado em 2004, em um momento de recuperação da aviação comercial e de saturação do mercado norte-americano para aviões de pequeno porte.
Maior cliente da aviação mundial, os Estados Unidos são o principal destino dos aviões da Embraer, que exporta quase toda a sua produção.
Outro fator que catapultou as vendas da companhia foi a virtual ausência de concorrência no segmento de aviões de 70 a 120 lugares, alvo da nova família, batizada de 170/190.
O mercado de aviação é dividido entre as grandes Boeing e Airbus, que fabricam aviões com mais de 120 lugares, e Bombardier e Embraer, que investiam em jatos menores.
A empresa, sediada em São José dos Campos (SP), decidiu ocupar o espaço vazio entre os aviões regionais e os de grande porte. Lançado em 1999, o projeto consumiu investimentos de US$ 1 bilhão e começou a dar frutos em 2004, com a entrega dos primeiros E-170 para a polonesa Lot, a italiana Alitalia e a norte-americana US Airways.
Mas o grande sucesso da família, o E-190, só saiu da linha de montagem em setembro de 2005, para integrar a frota da Jet Blue (EUA), que comprou 101 aeronaves. Um ano depois, começou a ser entregue o último modelo, o E-195.
"Não há nada no mercado nesse tamanho", afirma Gueric Dechavanne, diretor da Back Aviation Solutions.
O sucesso se reflete no aumento do número de pedidos. No fim de 2005, a Embraer tinha US$ 10,4 bilhões em carteira, pouco menos que os US$ 10,7 bilhões da Bombardier -esses números incluem aviação comercial e executiva.
Os resultados do terceiro trimestre de 2006 mostram que a empresa brasileira já tinha US$ 13,3 bilhões de pedidos em carteira, comparados a US$ 11,7 bilhões da canadense."Esse é o mais alto nível de pedidos da história da Embraer", destaca Caio Dias, analista de aviação e transporte do Santander. A principal razão para a brasileira ter superado a canadense no valor dos pedidos é o maior preço dos aviões da família 170/190. O maior deles, o E-195, custa US$ 35 milhões, 60% a mais que o maior jato regional, o RJ-145, de 50 lugares.

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