FAB empurra traficantes para rotas de risco
Com controle maior e autorização para atirar, caças forçaram criminosos a usar trajetórias alternativas
Roberto Godoy
Dois anos depois que os pilotos de caça da aviação brasileira passaram a voar armados e autorizados a atirar para destruir aeronaves detectadas em vôos clandestinos, traficantes de drogas e contrabandistas de armas estão escapando do fogo por meio de três rotas, todas de risco.
Sob a ameaça de serem interceptados pelos Tucanos e Supertucanos da FAB, armados com metralhadoras 12.7 mm ou .50, os narcotraficantes passaram a usar pistas localizadas no Suriname, país de controle precário na fronteira norte. De acordo com relatórios da área de inteligência, as aeronaves decolam no rumo do Oceano Atlântico com um só piloto, mas cheias de combustível, acondicionado em tanques plásticos improvisados.
Voando a baixa altura, chegam a águas internacionais em menos de 20 minutos. Realizam uma grande curva fora dos limites da jurisdição brasileira e retornam rente à água para aterrar em pistas que ficam a, no máximo, 300 quilômetros do litoral das regiões Norte ou Nordeste.
Também a partir do Suriname, mas na direção Oeste, a linha de escape passa pelo espaço aéreo de vários países. Os aviões irregulares fazem um ziguezague, entrando e saindo do espaço aéreo brasileiro, ao alcance da rede de radares do Sivam, na Amazônia, e do Cindacta, mas apenas monitorado na Venezuela e na Colômbia.
'É nessa condição que os bandidos ficam mais vulneráveis e acabam surpreendidos', relata um piloto caçador ligado ao sistema de bases de Campo Grande (MS), Porto Velho (RO) e Boa Vista (RR). O pouso é feito na Bolívia ou no Paraguai, de onde a droga ou as armas são trazidas por terra.
TERCEIRA ROTA
A terceira rota é a menos conhecida até agora. Todas as informações sobre ela são baseadas em dados fornecidos por meio de acordos internacionais de cooperação para o combate ao tráfico.
Para chegar ao Sul do Brasil, aviões com maior autonomia partem da África, depois de saírem da Europa. A chegada se dá no extremo Sul da Argentina - portanto, além do limite de ação do Brasil. A etapa final é feita por estradas secundárias, até o Paraguai e, em seguida, pela fronteira seca, até os pontos brasileiros de receptação.
A documentação referente a essa situação tem sido encaminhada às Comissões de Defesa da Câmara e do Senado, sob cláusula de sigilo. Apesar da criação de rotas alternativas, o volume do 'tráfego aéreo desconhecido ou ilícito', como é definido pela Aeronáutica, diminuiu.
A FAB evita mencionar números, alegando que, depois da vigência da Lei do Tiro de Interdição, o sistema de detecção eletrônica foi expandido, o que pode dar a falsa impressão de que há mais vôos clandestinos, 'quando, na verdade, o que aumentou foram os meios de controle', segundo observa nota da Aeronáutica. Um levantamento independente indica que, na média, as ocorrências caíram de 12,3 por dia, até setembro de 2004, para 8,3 vôos por dia, em 2005.
Com controle maior e autorização para atirar, caças forçaram criminosos a usar trajetórias alternativas
Roberto Godoy
Dois anos depois que os pilotos de caça da aviação brasileira passaram a voar armados e autorizados a atirar para destruir aeronaves detectadas em vôos clandestinos, traficantes de drogas e contrabandistas de armas estão escapando do fogo por meio de três rotas, todas de risco.
Sob a ameaça de serem interceptados pelos Tucanos e Supertucanos da FAB, armados com metralhadoras 12.7 mm ou .50, os narcotraficantes passaram a usar pistas localizadas no Suriname, país de controle precário na fronteira norte. De acordo com relatórios da área de inteligência, as aeronaves decolam no rumo do Oceano Atlântico com um só piloto, mas cheias de combustível, acondicionado em tanques plásticos improvisados.
Voando a baixa altura, chegam a águas internacionais em menos de 20 minutos. Realizam uma grande curva fora dos limites da jurisdição brasileira e retornam rente à água para aterrar em pistas que ficam a, no máximo, 300 quilômetros do litoral das regiões Norte ou Nordeste.
Também a partir do Suriname, mas na direção Oeste, a linha de escape passa pelo espaço aéreo de vários países. Os aviões irregulares fazem um ziguezague, entrando e saindo do espaço aéreo brasileiro, ao alcance da rede de radares do Sivam, na Amazônia, e do Cindacta, mas apenas monitorado na Venezuela e na Colômbia.
'É nessa condição que os bandidos ficam mais vulneráveis e acabam surpreendidos', relata um piloto caçador ligado ao sistema de bases de Campo Grande (MS), Porto Velho (RO) e Boa Vista (RR). O pouso é feito na Bolívia ou no Paraguai, de onde a droga ou as armas são trazidas por terra.
TERCEIRA ROTA
A terceira rota é a menos conhecida até agora. Todas as informações sobre ela são baseadas em dados fornecidos por meio de acordos internacionais de cooperação para o combate ao tráfico.
Para chegar ao Sul do Brasil, aviões com maior autonomia partem da África, depois de saírem da Europa. A chegada se dá no extremo Sul da Argentina - portanto, além do limite de ação do Brasil. A etapa final é feita por estradas secundárias, até o Paraguai e, em seguida, pela fronteira seca, até os pontos brasileiros de receptação.
A documentação referente a essa situação tem sido encaminhada às Comissões de Defesa da Câmara e do Senado, sob cláusula de sigilo. Apesar da criação de rotas alternativas, o volume do 'tráfego aéreo desconhecido ou ilícito', como é definido pela Aeronáutica, diminuiu.
A FAB evita mencionar números, alegando que, depois da vigência da Lei do Tiro de Interdição, o sistema de detecção eletrônica foi expandido, o que pode dar a falsa impressão de que há mais vôos clandestinos, 'quando, na verdade, o que aumentou foram os meios de controle', segundo observa nota da Aeronáutica. Um levantamento independente indica que, na média, as ocorrências caíram de 12,3 por dia, até setembro de 2004, para 8,3 vôos por dia, em 2005.
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