Um artigo de Jeremy Rifkin
Um grande acontecimento na história da saga humana está por acontecer no ano que vem. Pela primeira vez na história, segundo as Nações Unidas, a maioria dos seres humanos estará vivendo em vastas zonas urbanas - muito delas em megacidades e extensões suburbanas - com populações de 10 milhões de habitantes ou mais. Convertemo-nos em "Homo Urbanus".
Assim inicia o artigo de Jeremy Rifikin, publicado no jornal Clarín, em 03-12-2006 e traduzido pelo Cepat.
Um grande acontecimento na história da saga humana está por acontecer no ano que vem. Pela primeira vez na história, segundo as Nações Unidas, a maioria dos seres humanos estará vivendo em vastas zonas urbanas - muito delas em megacidades e extensões suburbanas - com populações de 10 milhões de habitantes ou mais. Convertemo-nos em "Homo Urbanus".
Assim inicia o artigo de Jeremy Rifikin, publicado no jornal Clarín, em 03-12-2006 e traduzido pelo Cepat.
Segundo Rifkin, a existência de milhões de pessoas apinhadas e apertadas em gigantescos centros urbanos é um fenômeno novo. Faz 200 anos, as pessoas que habitavam a terra conheciam em média no máximo outras 200 ou 300 pessoas em toda a sua vida. Hoje, um habitante de Nova Iorque pode viver e trabalhar entre 220.000 pessoas em um raio de dez minutos de sua casa ou do seu local de trabalho no centro de Manhattan. Apenas uma cidade em toda a história - a antiga Roma - abrigou uma população de mais de um milhão de habitantes antes do século XIX. Londres foi a primeira cidade moderna com uma população que superava um milhão no ano de 1820. Em 1900, havia onze cidades com populações que superavam um milhão de habitantes; em 1950, 74 cidades; em 1976, 191 zonas urbanas com mais de um milhão de pessoas. Hoje, mas de 414 cidades ostentam populações de um milhão ou mais de habitantes e o crescente processo de urbanização tende a aumentar.
Enquanto a raça humana dependeu do fluxo solar, dos ventos, das correntes e da energia animal e humana para viver, a população humana permaneceu relativamente baixa para adaptar-se à capacidade de condução da natureza - a capacidade da biosfera para reciclar as necessidades e os recursos.
O ponto de inflexão foi a exumação de grandes quantidades de sol armazenado sob a superfície da terra, primeiro em forma de depósitos de carbono, depois petróleo e gás natural. Utilizados pela máquina de vapor e depois pelo motor à combustão convertidos em eletricidade e distribuídos por linhas de transmissão elétrica, os combustíveis fósseis permitiram a humanidade criar novas tecnologias que aumentaram drasticamente a produção de alimentos, bens manufaturados e serviços. Esse aumento sem precedente na produtividade levou ao crescimento massivo da população humana e a urbanização do mundo.
É necessário destacar que nossa florescente população e nosso modo de vida urbano apenas tem sido possível ao custo do desaparecimento de grandes ecossistemas e habitat da terra.
A realidade é que as grandes populações que vivem em megacidades consomem enormes quantidades de energia da terra para manterem sua infraestrutura e o fluxo diário das atividades humanas. Para colocar isso em perspectiva, a Torre Sears, um dos arranha-céus mais altos do mundo, usa mais eletricidade em um dia que toda a cidade de Rockford, Illinois, com seus 152.000 habitantes.
A outra cara da urbanização é o que deixamos atrás de nossa marcha até um mundo de edifícios de escritórios, de pisos e moradias de grande altura e uma paisagem de vidro, cimento, luz artificial e interconectividade eletrônica. Não é acidental que enquanto festejamos a urbanização do mundo, estejamos próximos de outra linha divisória histórica, o desaparecimento de zonas selvagens. O aumento da população e do consumo de alimentos, água e materiais de construção, a expansão do transporte rodoviário ou ferroviário e o crescimento urbano seguem avançando sobre o que resta do mundo selvagem, levando-o a extinção.
Nossos cientistas dizem que no transcurso da vida das crianças de hoje, o mundo selvagem desaparecerá da face da terra depois de milhões de anos de existência. A transamazônica que atravessa toda a extensão da selva do Amazonas está acelerando a destruição do último grande habitat selvagem. Outras regiões selvagens desde Borneo ou a Cuenca do Congo, se reduzem rapidamente a cada dia que passa, abrindo passo para as crescentes populações humanas que buscam espaços e recursos para viver. Não é de estranhar que segundo o biólogo de Harvard E.O. Wilson, estejamos experimentando a maior onda de extinção massiva de espécies animais em 65 milhões de anos.
Atualmente perdemos de 50 a 150 espécies por dia devido a extinção, ou seja, entre 18.000 e 55.000 espécies por ano. Para 2100, provavelmente estarão extintos dois terços das espécies que existem na terra.
Em que situação nos coloca tudo isso? Tratemos de imaginar mil cidades de quase um milhão de habitantes ou mais em 35 anos a partir de hoje. Não quero ser um estraga festas, mas quem sabe a comemoração da urbanização da raça humana em 2007 seja a oportunidade de se repensar a forma como vivemos sobre este planeta.
Sem dúvida, é preciso festejar a vida urbana, mas a questão é de magnitude e escala. Devemos analisar como reduzir a nossa população e desenvolver ambientes urbanos sustentáveis que usem a energia e os recursos de maneira mais eficaz, menos poluidor e melhor pensado para promover condições de vida em escala humana.
Enquanto a raça humana dependeu do fluxo solar, dos ventos, das correntes e da energia animal e humana para viver, a população humana permaneceu relativamente baixa para adaptar-se à capacidade de condução da natureza - a capacidade da biosfera para reciclar as necessidades e os recursos.
O ponto de inflexão foi a exumação de grandes quantidades de sol armazenado sob a superfície da terra, primeiro em forma de depósitos de carbono, depois petróleo e gás natural. Utilizados pela máquina de vapor e depois pelo motor à combustão convertidos em eletricidade e distribuídos por linhas de transmissão elétrica, os combustíveis fósseis permitiram a humanidade criar novas tecnologias que aumentaram drasticamente a produção de alimentos, bens manufaturados e serviços. Esse aumento sem precedente na produtividade levou ao crescimento massivo da população humana e a urbanização do mundo.
É necessário destacar que nossa florescente população e nosso modo de vida urbano apenas tem sido possível ao custo do desaparecimento de grandes ecossistemas e habitat da terra.
A realidade é que as grandes populações que vivem em megacidades consomem enormes quantidades de energia da terra para manterem sua infraestrutura e o fluxo diário das atividades humanas. Para colocar isso em perspectiva, a Torre Sears, um dos arranha-céus mais altos do mundo, usa mais eletricidade em um dia que toda a cidade de Rockford, Illinois, com seus 152.000 habitantes.
A outra cara da urbanização é o que deixamos atrás de nossa marcha até um mundo de edifícios de escritórios, de pisos e moradias de grande altura e uma paisagem de vidro, cimento, luz artificial e interconectividade eletrônica. Não é acidental que enquanto festejamos a urbanização do mundo, estejamos próximos de outra linha divisória histórica, o desaparecimento de zonas selvagens. O aumento da população e do consumo de alimentos, água e materiais de construção, a expansão do transporte rodoviário ou ferroviário e o crescimento urbano seguem avançando sobre o que resta do mundo selvagem, levando-o a extinção.
Nossos cientistas dizem que no transcurso da vida das crianças de hoje, o mundo selvagem desaparecerá da face da terra depois de milhões de anos de existência. A transamazônica que atravessa toda a extensão da selva do Amazonas está acelerando a destruição do último grande habitat selvagem. Outras regiões selvagens desde Borneo ou a Cuenca do Congo, se reduzem rapidamente a cada dia que passa, abrindo passo para as crescentes populações humanas que buscam espaços e recursos para viver. Não é de estranhar que segundo o biólogo de Harvard E.O. Wilson, estejamos experimentando a maior onda de extinção massiva de espécies animais em 65 milhões de anos.
Atualmente perdemos de 50 a 150 espécies por dia devido a extinção, ou seja, entre 18.000 e 55.000 espécies por ano. Para 2100, provavelmente estarão extintos dois terços das espécies que existem na terra.
Em que situação nos coloca tudo isso? Tratemos de imaginar mil cidades de quase um milhão de habitantes ou mais em 35 anos a partir de hoje. Não quero ser um estraga festas, mas quem sabe a comemoração da urbanização da raça humana em 2007 seja a oportunidade de se repensar a forma como vivemos sobre este planeta.
Sem dúvida, é preciso festejar a vida urbana, mas a questão é de magnitude e escala. Devemos analisar como reduzir a nossa população e desenvolver ambientes urbanos sustentáveis que usem a energia e os recursos de maneira mais eficaz, menos poluidor e melhor pensado para promover condições de vida em escala humana.
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