A China ultrapassou a Argentina e se tornou o segundo maior fornecedor de produtos para o Brasil. No acumulado de 12 meses até janeiro, os chineses venderam US$ 8,28 bilhões para o país, acima dos US$ 8,19 bilhões exportados pelos argentinos, ficando apenas atrás dos Estados Unidos com exportações de US$ 15 bilhões no período. A reportagem é do jornal Valor, 06-02-2007.
A mudança no ranking dos maiores fornecedores brasileiros não é exatamente uma surpresa. Para economistas e analistas de comércio exterior, tratava-se apenas uma questão de tempo. "Dado o ritmo de crescimento das vendas da China no ano passado, nós já esperávamos por isso", diz Thaís Zara, economista da Rosenberg & Associados.
As importações vindas da Argentina cresceram 22% nos 12 meses até janeiro, patamar similar à alta de 25% das compras externas totais do país. Apoiados em baixo custo de mão-de-obra e em câmbio desvalorizado, os chineses conseguem um ritmo muito superior. No mesmo período, a alta nas importações de produtos chineses chegou a 33%. Em janeiro de 2007, as importações de produtos da China aumentaram 58% em relação a janeiro de 2006.
A China responde agora por 8,8% das importações do Brasil, apenas um décimo à frente da Argentina, com 8,7%. A tendência é que o país consolide essa vantagem e se mantenha na segunda colocação. "Pode até ser que, em um ou outro mês, a Argentina recupere a posição. Mas, no longo prazo, a China terá a maior participação", diz Sérgio Vale, da MB Associados.
Na última década, os chineses conseguiram avanço importante no mercado brasileiro. Em 1997, exportavam apenas US$ 1,2 bilhão para o Brasil e respondiam por 2% das compras do país. Já a Argentina perdeu espaço nas compras brasileiras. O país vizinho e sócio do Mercosul vendia US$ 7,9 bilhões ao Brasil em 1997, o equivalente a 13% das importações totais.
A tendência inexorável é a China ultrapassar até os Estados Unidos como maior fornecedor do Brasil", diz Vale. Ele explica que os chineses deixaram de produzir apenas quinquilharias e incorporaram tecnologia, avançando na produção de itens de maior valor agregado e competindo diretamente com os EUA. Se Pequim passar Washington no mercado brasileiro no médio prazo, esse fenômeno se repetirá em diversos países, ponderam os economistas do departamento econômico do Bradesco.
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