O governo venezuelano ordenou ontem a "ocupação temporária" da fábrica de massas da multinacional americana Cargill em La Guaira, perto de Caracas. Segundo o vice-ministro da Alimentação, Rafael Coronado, que comandou a ocupação, o objetivo é obrigar a empresa a produzir a quantidade de produtos de preço tabelado estipuladas pelo governo.
A notícia é do jornal O Estado de S. Paulo, 16-05-2009.
Desde março, uma lei obriga fabricantes de produtos básicos a dedicar de 70% a 95% de sua capacidade produtiva a mercadorias tabeladas - no caso da fábrica da Cargill, por exemplo, macarrão simples. Numa inspeção oficial anteontem, fiscais teriam descoberto que a Cargill não obedecia a essa regra.
A ocupação deve durar 90 dias. Segundo Coronado, depois desse período, o governo terá uma ideia mais precisa sobre a situação da empresa e avaliará "junto com seus trabalhadores e conselhos comunitários" a aplicação de outras sanções. O presidente Hugo Chávez - que ontem visitava, em Buenos Aires, a argentina Cristina Kirchner - não se pronunciou sobre o assunto.
A fiscalização sobre as fábricas de massas venezuelanas aumentou nos últimos dias. A justificativa é que teria sido detectada uma "falha no abastecimento" desse produto, cujo preço tabelado foi reduzido.
A fábrica de macarrão é mais uma de uma série de empresas do setor de alimentos que foram expropriadas ou sofreram intervenção nos últimos meses por ordem de Chávez. Em março, uma beneficiadora de arroz da Cargill foi expropriada. Entre as empresas que foram ocupadas estão indústrias de conservas e outra processadora de arroz da Polar, de capital venezuelano.
O objetivo de ações como essas Chávez não esconde: controlar grande parte da cadeia produtiva venezuelana para impedir que as grandes empresas "boicotem o avanço da revolução". Analistas explicam que os alimentos representam uma grande parcela do orçamento das famílias pobres, a base de apoio de Chávez.
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