Em geral, quando se fala em integração da América Latina pensa-se em Mercosul – que é uma mera união aduaneira. Muito mais importante é a Iniciativa para a Integração da Infra-estrutura Regional Sul Americana (IIRSA) existe desde agosto de 2000, quando ocorreu em Brasília a reunião fundadora.
Segundo o Projeto Brasil (www.projetobr.com.br), com exceção da Guiana Francesa, todos os países da América do Sul participam desse plano do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) em parceria com a Corporação Andina de Fomento (CAF) e o Fundo para o Desenvolvimento da Bacia do Prata (Fonplata).
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Com o plano envolvendo a execução de 348 obras em 20 anos e um investimento de aproximadamente 38 bilhões de dólares, a iniciativa tem visibilidade inversa aos números, relata a repórter Nina Adorno. A crítica tem ficado por conta dos movimentos sociais, cientistas e organizações não-governamentais preocupados com os impactos ambiental, econômico e social dessa integração.
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Em geral, há certa incompreensão sobre os objetivos da IIRSA.
No Brasil, a área total de influência das obras será de 2,5 milhões de quilômetros quadrados. Serão atingidas 137 unidades de conservação, 107 terras indígenas – nas quais vivem 22% da população indígena brasileira – e 484 áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade. Somente na Amazônia, o bioma mais afetado, 322 áreas entre as mais ricas em espécies estarão expostas à ação do homem. Tudo isso conforme o relatório A Perfect Storm in the Amazon Wilderness: Development and Conservation in the Context of the Initiative for the Integration of the Regional Infrastructure of South America (IIRSA),do cientista Tim Killeen, da ONG Conservação Internacional (CI).
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Dos seus planos 31 são considerados de curto prazo e, em relação à Carta de Projetos da Iniciativa, 40% já se encontram em distintos graus de execução. “São os projetos que tinham mais sentido do ponto de vista da integração física. O acompanhamento, o monitoramento da análise da gente, principalmente no Brasil, tem se centrado mais nessa lista”, assegurou Afonso Oliveira de Almeida, secretário de planejamento e investimentos estratégicos e coordenador nacional da IIRSA
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A visão incorreta é julgar que a integração parte de uma visão equivocada da economia, de consolidar o papel da região como fornecedora de matéria-prima.
Os críticos temem ainda que a dependência sul-americana em relação aos países ricos e o desequilíbrio local se agravem. “A IIRSA já parte das regiões mais competitivas do continente. Essa definição de competitividade, depois de 20 anos de abertura caótica e irrestrita, fez com que apenas os setores que se moldaram sobrevivessem no continente. É uma lógica voltada para fora e, em geral, especializada em exportação de recursos naturais”, Luis Fernando Novoa, professor da Universidade Federal de Rondônia e membro da Rede Brasil sobre Instituições Financeiras Multilaterais.
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Ora, a integração criará regiões de desenvolvimento, novos mercados, novas possibilidades de sinergia e, conseqüentemente, de industrialização, agregação de valor, adensamento de cadeia produtiva.
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