"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

quinta-feira, agosto 07, 2008

Bolívia: 0,63% das propriedades concentram 66% da terra

Site do Azenha - Atualizado em 07 de agosto de 2008 às 13:12 | Publicado em 07 de agosto de 2008 às 13:08

WASHINGTON - Um estudo do Center for Economic and Policy Research, de Washington, sugere que a disputa política na Bolívia é fortemente influenciada pelo divórcio geográfico entre onde vivem os bolivianos mais pobres e onde ficam os recursos naturais do país.

Mark Weisbrot e Luis Sandoval estudaram a posse de terras e a produção de gás e petróleo, esta última responsável por 6,5% do PIB e por 47% das exportações da Bolívia.

Os departamentos (equivalentes aos estados brasileiros) da chamada Meia Lua - Beni, Pando, Santa Cruz e Tarija -, que buscam maior autonomia administrativa, concentram 82% da produção de gás natural; mas a população indígena mais pobre vive fora da região.

O estudo desmente que o governo central não transfira a renda das exportações de gás e petróleo para os departamentos da Meia Lua. Eles recebem, de acordo com o estudo, 30% do total - contra 19,7% para o restante do país.

De acordo com a análise, 0,63% das propriedades concentram 66% da terra agricultável da Bolívia. Já 86% das fazendas ficam com apenas 2,4% da terra utilizável.

O estudo não entra na questão política.

No próximo domingo o presidente Evo Morales e oito dos nove "prefeitos" (os governadores de lá) enfrentam um referendo revogatório. Morales precisa obter a mesma votação de quando foi eleito para permanecer no cargo, cerca de 53%. Os governadores precisam de 50%. Os que forem rejeitados podem concorrer em novas eleições.

Evo vem se colocando numa posição centrista nos últimos meses. À esquerda dele os movimentos sociais - com destaque para a Central Obrera Boliviana (COB) - acusam o presidente de afagar os latifundiários. À direita ficam os prefeitos da Meia Lua, acusados por Evo de agir sob influência do embaixador dos Estados Unidos.

Será possível costurar um pacto federativo nos moldes do brasileiro, em que a São Paulo deles (Santa Cruz) aceite financiar o desenvolvimento do Nordeste?

Você não vai encontrar nada que preste na mídia brasileira sobre a Bolívia, com raríssimas exceções, ainda que boa parte do gás que toca a indústria paulista venha de lá. É que nós somos europeus.

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