"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

sexta-feira, novembro 14, 2008

As estatísticas inúteis

Blog do Luis Nassif - 09/11/08

Há diversas formas de analisar os gastos do orçamento, a parte contigenciada, a parte liberada.

Pode-se comparar, por exemplo, os gastos com juros com os direcionados para a área social – individualmente, ou juntando todos os ministérios sociais.

Pode-se comparar as transferências da Bolsa Família com meio ponto da taxa Selic. Ou converter o aumento de despesas com juros, proveniente da última alta da Selic, em atendimentos do SUS, em número de alunos da rede pública, em número de famílias atendidas pela Bolsa Família, ou até fazer a equivalência com número de aposentados do INSS – com um pouquinho de esforço levantando os familiares.

Garanto que daria manchetes fortíssimas, que dignificariam qualquer publicação.

A Folha decidiu analisar os gastos públicos de duas outras maneiras (clique aqui).


1. Manchete principal: Funcionalismo gasta mais do que juros. O absurdo da história estava nos juros serem maiores que os gastos com funcionalismo.

2. Ministérios do PT recebem mais verbas.

Essa é campeã. Mostra que os Ministérios entregues ao PT somam R$ 251,56 bi de verbas, contra R$ 71,67 bi do PMDB. E inclui nas verbas para os “ministérios do PT” os R$ 201,37 bi da Previdência Social. Se colocasse numa ponta a Previdência e na outra todos os demais Ministérios, a conta maior ainda seria da Previdência Social.

O mundo inteiro discutindo gastos sociais x mercado, políticas de transferência x neoliberalismo. Por aqui, é Fla x Flu, São Paulo x Corinthians, Bem x Mal, Esquerda x Direita.

Obviamente não é só a Folha. Mas dá para entender porque o Brasil é sempre o último a perceber as mudanças globais?

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