Uma boa entrevista na Folha, da Eliane Cantanhêde com o chanceler Celso Amorim (clique aqui).
O ponto central é a questão da possibilidade de se criar um novo multilateralismo, com a eleição de Barack Obama e o agravamento da crise internacional.
Por Rodrigo Carvalho
a mais potente política anticíclica global (...) é a conclusão da Rodada Doha"
O Ministro deve estar brincando, principalmente se estiver se referindo ao acordo que aceitou na última reunião em Genebra. Este representaria apenas um "seguro" quanto ao não aumento dos subsídios agrícolas americanos além de US$14bi (hoje o praticado é US$8bi, se não me engano) e abertura no setor industrial do Brasil (aqui basicamente nós e a Argentina "pagamos", já que Índia tem tarifas velhas, ainda não consolidadas). Um acordo ruim, que só se justifica pela retórica de salvar o multilateralismo econômico.
A pergunta que fica é se é desse "multilarismo econômico" que precisamos. A OMC é fruto dos "exuberantes" anos 90 (para usar a ironia do Stiglitz) e as negociações em Doha foram conduzidas numa chave siplificadora do comércio: o trade-off agricultura versus NAMA. Questões importantes ao desenvolvimento foram esquecidas e serão (seriam) mais úteis no mundo de hoje: regras claras sobre subsídios, antidumping, correção ao nosso favor de acordos assinados na Rodada Uruguai e em processo de revisão legal (como o TRIMS).
Se é para fortalecer a OMC, ela precisa ser refundada, reforçando -- e não minando - as bases de políticas comerciais setoriais e, porque não, anticíclicas.
Anticíclico não é abrir unilateralmente. Usar a política comercial de maneira anticíclica é um desafio apenas possível com liberdade para políticas nacionais, algo que a OMC andou cassando.
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