darussia.blogspot.com 09/11/08
Artigo escrito por mim para a Agência Lusa
O Kremlin não tinha um plano elaborado de acções em Angola em 1975, ano em que este país africano se tornou independente, testemunha um antigo agente secreto soviético.
Segundo Oleg Neguin, no finais de Março de 1975, a oito meses da proclamação a independência de Angola, em 11 de Novembro daquela ano, Iuri Andropov, chefe do KGB, enviou ao Bureau Político do Comité Central do Partido Comunista da União Soviética (PCUS) uma nota analítica com recomendações sobre as posições que poderia tomar Washington, onde também não havia consenso sobre quem apoiar na ainda colónia portuguesa.
Porém, segundo Neguin, ao contrário dos Estados Unidos, a URSS não tinha um plano definido de acções: “Tinha a União Soviética um plano de acções ou um plano de operações para Angola semelhante ao plano Operação da CIA, pormenorizadamente descrito por Stockwell no seu livro ("John Stockwell, The US War Against the Third Word")? Posso responder negativamente a essa pergunta com toda a responsabilidade de testemunha e de participante dos acontecimentos. Não havia um plano desses”, afirma Neguin num artigo publicado numa revista na Rússia no final dos anos 90 onde faz revelações históricas ainda pouco conhecidas em Portugal.
"O trabalho nos arquivos dos serviços de reconhecimento externo com documentos dessa época confirma isso. Nem nos serviços de reconhecimento, nem no aparelho do Comité Central, nem no Ministério dos Negócios Estrangeiros foram criados grupos ou centros operativos como teve lugar na CIA ou no Conselho Nacional de Segurança dos EUA”, considera Neguin no artigo No cerco de fogo do bloqueio” (Memórias de um agente)”.
Gueorgui Arbatov, antigo conselheiro de política externa do Comité Central do PCUS, defende, por seu lado, que o envolvimento de militares soviéticos em Angola deu início a uma aventura que terminou no Afeganistão e foi uma das causas da queda da URSS.
“A ideologização excessiva da política externa, bem como a aposta excessiva no factor militar a fim de garantir a segurança, levaram a que a política militar e os programas de defesa tenham saído do controlo político...", escreve Arbatov nas suas memórias “Homem do Sistema”.
"Tratava-se de resquícios da ideologia 'revolucionário-narcisista', de resquícios da ideia da exportação da revolução, que tomaram a forma de uma doutrina política definida: o nosso dever de prestar ajuda aos movimentos de libertação, até a ajuda militar, que se entrelaçou estreitamente com pretensões imperiais”, prossegue.
“Estes erros e abordagens, a partir dos meados dos anos setenta do século passado, fizeram-se sentir de forma particularmente forte na nossa política. O início foi o envio de tropas cubanas para Angola” – defende.
Segundo Oleg Neguin, no finais de Março de 1975, a oito meses da proclamação a independência de Angola, em 11 de Novembro daquela ano, Iuri Andropov, chefe do KGB, enviou ao Bureau Político do Comité Central do Partido Comunista da União Soviética (PCUS) uma nota analítica com recomendações sobre as posições que poderia tomar Washington, onde também não havia consenso sobre quem apoiar na ainda colónia portuguesa.
Porém, segundo Neguin, ao contrário dos Estados Unidos, a URSS não tinha um plano definido de acções: “Tinha a União Soviética um plano de acções ou um plano de operações para Angola semelhante ao plano Operação da CIA, pormenorizadamente descrito por Stockwell no seu livro ("John Stockwell, The US War Against the Third Word")? Posso responder negativamente a essa pergunta com toda a responsabilidade de testemunha e de participante dos acontecimentos. Não havia um plano desses”, afirma Neguin num artigo publicado numa revista na Rússia no final dos anos 90 onde faz revelações históricas ainda pouco conhecidas em Portugal.
"O trabalho nos arquivos dos serviços de reconhecimento externo com documentos dessa época confirma isso. Nem nos serviços de reconhecimento, nem no aparelho do Comité Central, nem no Ministério dos Negócios Estrangeiros foram criados grupos ou centros operativos como teve lugar na CIA ou no Conselho Nacional de Segurança dos EUA”, considera Neguin no artigo No cerco de fogo do bloqueio” (Memórias de um agente)”.
Gueorgui Arbatov, antigo conselheiro de política externa do Comité Central do PCUS, defende, por seu lado, que o envolvimento de militares soviéticos em Angola deu início a uma aventura que terminou no Afeganistão e foi uma das causas da queda da URSS.
“A ideologização excessiva da política externa, bem como a aposta excessiva no factor militar a fim de garantir a segurança, levaram a que a política militar e os programas de defesa tenham saído do controlo político...", escreve Arbatov nas suas memórias “Homem do Sistema”.
"Tratava-se de resquícios da ideologia 'revolucionário-narcisista', de resquícios da ideia da exportação da revolução, que tomaram a forma de uma doutrina política definida: o nosso dever de prestar ajuda aos movimentos de libertação, até a ajuda militar, que se entrelaçou estreitamente com pretensões imperiais”, prossegue.
“Estes erros e abordagens, a partir dos meados dos anos setenta do século passado, fizeram-se sentir de forma particularmente forte na nossa política. O início foi o envio de tropas cubanas para Angola” – defende.
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