Os democratas apresentaram ontem uma versão do pacote de resgate de US$ 700 bilhões do sistema financeiro dos Estados Unidos. Para aprovar o projeto do secretário do Tesouro, Henry Paulson, senadores democratas querem que o governo receba ações dos bancos que venderem seus títulos podres ao Tesouro. Também querem dar aos juízes poderes para modificar os termos dos financiamentos imobiliários inadimplentes para evitar que as pessoas percam suas casas.
A reportagem é de Patrícia Campos Mello e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 23-09-2008.
A proposta foi apresentada pelo senador Christopher Dodd, líder do Comitê Bancário do Senado. Se aprovada, a lei daria ao governo participação acionária nos bancos incluídos no resgate. A proposta democrata ainda prevê limites à compensação dos executivos de bancos beneficiados e maior supervisão do Tesouro sobre o plano.
O projeto de Paulson permite ao Tesouro usar até US$ 700 bilhões para comprar dos bancos os títulos podres - lastreados em hipotecas inadimplentes, pouco líquidos e difíceis de avaliar - e, assim, descongelar o mercado de crédito.
Segundo o congressista Barney Frank, líder do Comitê de Serviços Financeiros da Câmara, a Casa Branca concordou com a proposta de maior supervisão e ajuda aos mutuários. Mas parlamentares conservadores e muitos republicanos devem resistir a várias medidas propostas pelos democratas, o que pode atrasar a aprovação da lei no Congresso.
As instituições se opõem à hipótese de juízes modificarem os termos dos financiamentos das residências de uso próprio e à imposição de limites na remuneração de executivos. A proposta de Dodd também estabelece o dia 31 de dezembro de 2009 como a data-limite para os poderes especiais do Tesouro para comprar os títulos podres. Paulson reivindicava os poderes por dois anos a partir da data que entrasse em vigor a lei.
O governo não esperava tantas modificações na proposta e acredita na aprovação ainda nesta semana. A contra-proposta dos democratas mostra que a aprovação pode não ser tão fácil, apesar de o governo insistir na urgência. Ontem, o presidente George W, Bush pediu aos legisladores que resistam à tentação de adicionar medidas que podem reduzir a eficácia do plano. “O mundo inteiro está assistindo para ver se conseguimos agir rapidamente e evitar danos ao nosso mercado de capitais, nossa empresas, nosso setor imobiliário e previdência.”
Mas os congressistas resistem a dar um cheque em branco ao Tesouro. “O governo Bush quer que o Congresso aprove sua legislação de resgate financeiro sem discussões para melhorá-la. Isso não vai acontecer”, disse Harry Reid, líder democrata no Senado.
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