Ao anunciarem empreendimentos energéticos conjuntos de empresas estatais de ambos os países na Amazônia equatoriana, os presidentes do Equador e da Venezuela não se esqueceram da crise mundial e destacaram que se torna necessário unir-se pelo desenvolvimento da região.
A reportagem é do jornal argentino Página/12, 29-10-2008. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Os presidentes do Equador, Rafael Correa, e da Venezuela, Hugo Chávez, se reuniram nesta terça-feira, 28, na cidade equatoriana de Puyo para analisar a ampla integração binacional conjunta. Além de analisar os projetos comuns que levam adiante, ambos os mandatários se referiram às conseqüências e às ações a serem implementadas pela atual crise financeira mundial.
Após sua passagem pela capital da província amazônica de Pastaza, Chávez assinalou que os países da região devem atuar com audácia frente a uma crise de conseqüências imprevisíveis. “A crise nos obriga à reflexão e à ação, à tomada de decisões para garantir o futuro de nossos países, o desenvolvimento humano e o desenvolvimento da região”, afirmou o mandatário venezuelano.
Para Correa, a crise pode significar uma oportunidade para os países sul-americanos e criticou os analistas que defendem a globalização e o livre mercado, após o colapso financeiro atual. “Os ganhos são privatizados e as perdas são socializadas”, acrescentou o chefe de Estado equatoriano em referência às medidas que foram empregadas para conter as crises nos países centrais.
Chávez responsabilizou os países desenvolvidos do Norte pela situação atual, que qualificou como “uma grande crise histórica, a catástrofe do século XX”. “Aí está o berço dos nossos males, precisamente no Norte”, disse Chávez repreendendo os governantes europeus e dos Estados Unidos.
O líder boliviano também se referiu às possibilidades de ação que se abrem para os países da América do Sul, já que, em sua opinião, as soluções para a crise não vão chegar de Washington nem da Europa. “Acredito que chegou a hora, a nossa hora, a hora de refletir e atuar com audácia”, opinou o venezuelano, aludindo às nações da América do Sul.
O governo do Equador, por meio de seu ministro coordenador da Política Econômica, Pedro Paez, propor a criação de um sistema de compensação financeira, com a implementação de uma moeda eletrônica que permita que a América do Sul enfrente os possíveis impactos da crise internacional dependendo de sua própria força.
Páez, que foi um dos estimuladores da criação do Banco do Sul e do Fundo do Sul, insistiu que a região deve assumir ações próprias para enfrentar o caos da economia global. “Acredito que seja indispensável, desde agora, avançar com uma agenda do Sul, para definir ações monetárias que evitem uma guerra de desvalorizações, que poderia deixar o Equador em uma situação muito ruim”, assinalou Páez.
Chávez chegou ao aeroporto de Shell Mera, no centro da Amazônia equatoriana, acompanhado por uma comitiva de 180 pessoas que foram recebidas com uma cerimônia oficial de boas-vindas. Após passar em revista as tropas, Correa e seu convidado se deslocaram para uma pousada ecológica da localidade de Puyo, para falar da relação bilateral.
Entre os projetos que avaliam, consta o da prestação de serviços no Campo Sacha, localizado na província equatoriana de Orellana, onde as empresas estatais de cada país, Petroecudor e Petróleos de Venezuela (Pdvsa), constituíram a empresa mista chamada Río Napo. Está previsto que, para janeiro de 2009, possam ser anunciados os primeiros resultados da atividade conjunta em Sacha.
Ambas as empresas estatais exploram conjuntamente no denominado Bloque 4, no golfo de Guayaquil, no sudoeste do Equador.
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